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A frase do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido), dita na porta do Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira (5), de que “uma pessoa com HIV, além de ser um problema sério para ela, é uma despesa para todos aqui no Brasil” não é nova, ao menos na boca do presidente.
Muito antes de ser eleito, enquanto ainda era deputado, ele soltou a mesma ideia, mas de maneira muito mais grosseira e contundente, em 2015, durante entrevista para Monica Iozzi, no programa CQC. Veja o vídeo abaixo:
“Usa (camisinha) quem quiser usar. Se pegar doença é problema deles. Mas não venha querer políticas públicas, dinheiro do povo aqui pra tratar essa gente que contrai a doença nesses atos”, afirmou.
“Você tem que atender quem contraia uma doença num caso de infortúnio, não esse pessoal que vive aí tomando pico na veia ou vive na vida mundana, depois querer cobrar do poder público um tratamento que é caro nessa área aí”, completou o então deputado Bolsonaro.
Iozzi então pergunta: “Quer dizer que dinheiro público vai pra quem tem câncer, pra quem tem tuberculose, pra quem tem Aids, a pessoa que foi culpada por pegar, ela que se vire?”, e o então deputado responde: “Concordo contigo”. A repórter afirma: “Eu não acho isso, eu estou reproduzindo o que o senhor falou. Se não se cuidou...”, e Bolsonaro completa: “Problema dele, problema dele”.
Culpa pelo HIV
A declaração preconceituosa de Bolsonaro, que se soma a outras tantas, vem justamente às vésperas do carnaval, período em que pretende encampar uma retrógrada campanha de abstinência sexual, e apenas um dia após a morte do famoso locutor de rodeios Asa Branca, que conviva há anos com o vírus HIV.
Em entrevista à Fórum, Maria Eduarda Aguiar, advogada e presidenta do Grupo pela Vidda, ONG do Rio de Janeiro que atua há mais de 30 anos e que é pioneira na militância contra a estigmatização de pessoas com HIV, classificou a declaração de Bolsonaro como “lamentável” e denunciou o desmonte que o governo vem encampando nas políticas de tratamento e prevenção.
“É bem lamentável a gente ter que se deparar com esse tipo de fala. Porque a política de saúde para pessoas que vivem com HIV é necessária, mas também é importante campanhas de prevenção. O presidente faz uma análise errada do problema querendo culpabilizar as pessoas que contraíram o vírus HIV, que tentam viver com dignidade, mas não ataca o problema, que é a falta de informação, a falta de insumos”, declarou.
Leia a entrevista completa de Maria Eduarda Aguiar para a Fórum aqui