O escritor João Paulo Cuenca, que está sendo processado por pastores da Igreja Universal após ter publicado uma paráfrase sobre o governo Bolsonaro no Twitter, disse que está sendo perseguido pelo uso de uma figura de linguagem e que não deseja o enforcamento da família do presidente.
A publicação do escritor dizia que o “brasileiro só será livre quando o último Bolsonaro for enforcado nas tripas do último pastor da Igreja Universal”.
Cuenca parafraseou um texto de Jean Meslier, do século 18: “o homem só será livre quando o último rei for enforcado nas tripas do último padre”.
Dois dias depois do post, o autor foi demitido da Deutsche Welle (DW) no Brasil, veículo público alemão no qual ele era colunista desde 2019.
“Considero isso o primeiro absurdo, o fato de essa campanha difamatória ter acontecido e a DW ter subscrito”, diz Cuenca, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo.
“Dizer que eu estou clamando pelo enforcamento dos Bolsonaros, a sátira não tem esse sentido. Não estou clamando pelo enforcamento de ninguém. Só acho que esses indivíduos têm que estar longe do Estado, de Brasília”, completou.
A Justiça do Rio de Janeiro chegou a determinar a remoção da conta do escritor do Twitter por conta da publicação. O processo foi movido pelo pastor Nailton Luiz dos Santos, da Igreja Universal, que também pede indenização de R$ 10 mil.
“Quando penso no tamanho dessa repercussão, vem um gatilho que sinaliza o quão irreal é isso. É absurdo que eu esteja sendo perseguido pelo uso de linguagem figurada em 2020", desabafa Cuenca.