Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo divulgada neste domingo (6), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que os recentes ataques hacker registrados contra o sistema do TSE podem ter alguma relação com os alvos do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura disseminação de fake news e promoção de atos-democráticos. Boa parte dos investigados no inquérito são agitadores bolsonaristas.
Segundo Barroso, os suspeitos de promover ataques hacker pode ser divididos em três categorias: "os que tentam entrar no sistema para provar que são capazes; tem o segundo grupo, que é hacker que entra no sistema para criptografá-lo e inutilizá-lo e depois cobrar resgate; e terceiro hacker é aquele que quer desacreditar o sistema político, o sistema eleitoral e as instituições. Temos hacker que vamos classificar como anarquistas, como chantagistas e fascistas, que são os que querem desestabilizar o sistema democrático".
"A Polícia Federal iniciou a investigação, chegou a um hacker português e a três comparsas no Brasil. Nessa linha, esse seria o primeiro grupo de anarquistas. Mas há forte suspeita, por isso indiquei o ministro Alexandre de Moraes para acompanhar a investigação, de que possa estar conectado a grupos que também fizeram ataques sistemáticos ao STF", declarou o presidente do TSE, estabelecendo essa suposta relação entre os ataques ao sistema eleitoral e os investigados no inquérito relatado por Alexandre de Moraes no Supremo.
"Acho que há uma suspeita, mas a investigação está no início e, portanto, é preciso aguardar. É possível, em tese, que uma coisa esteja ligada a outra, mas, como falei, juiz julga com provas, e portanto investigação vai em busca de provas", pontuou.
Na mesma entrevista, Barroso ainda saiu em defesa do voto facultativo no país. "Acho que o voto hoje no Brasil é praticamente facultativo porque as consequências de não votar são pequenas. Por isso, um comparecimento de mais de 70% durante a pandemia merece ser celebrado. Acho que a gente começa a fazer uma transição. O modelo ideal é o voto facultativo e em algum lugar do futuro não muito distante ele deve ser", opinou.
Ainda sobre o processo eleitoral, o ministro rejeitou as teses de Jair Bolsonaro que dão conta de que a urna eletrônica não é segura. Ele também se coloca contra o voto impresso, defendido pelo presidente.
"Por que não tenho simpatia pelo voto impresso? Em primeiro lugar, pelo fato de que ao tempo que tínhamos voto impresso é que tinha muita fraude. Na verdade desde 1996 nunca se noticiou uma fraude sequer. O voto em cédula é de um anacronismo, com todo respeito a quem pense diferente", alfinetou o magistrado.