Bolsonarista até o último fio de cabelo, o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) chamou as parlamentares de oposição ao governo Jair Bolsonaro (sem partido) de “histéricas” durante sessão da Câmara desta quinta-feira (3). Integrantes da bancada feminina anunciaram que vão entrar com representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar contra Nunes.
A ofensa machista aconteceu durante o debate da Medida Provisória que cria o Casa Verde e Amarela, o programa que Bolsonaro quer criar para substituir o Minha Casa Minha Vida e, assim, tentar imprimir uma marca sua na área.
Sem argumentos para rebater as críticas das deputadas, Nunes usou o discurso bolsonarista típico de que elas promoviam “vitimismo”. E soltou essa: “Vou criar um neologismo: 'deputérica'. Quando eu falar 'deputérica', estarei me dirigindo a uma deputada histérica, que não tem posicionamento, que não tem bom senso e que não se enquadra dentro do decoro parlamentar”. Ou seja, invertendo quem estava indo contra o decoro.
Reação
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) reagiu à ofensa. Em seu Twitter, publicou: “É inaceitável o que o parlamentar do PSL Bibo Nunes faz na Câmara. Desrespeita e agride suas colegas de Legislatura constantemente. Isso é violência política de gênero e não permitiremos JAMAIS que passe impune. Merece ir ao Conselho de Ética e irá!”.
Na tribuna da Câmara, Fernanda Melchionna (PSOL-RS) também reagiu à ofensa.
“Nós mulheres da Câmara dos Deputados fomos surpreendidas por um machista, da extrema direita, misógino”, afirmou. “Que usa o microfone desta casa para desrespeitar o conjunto das mulheres brasileiras”.
Ela cobrou que Marcel van Hattem (Novo-RS), que estava na presidência da sessão, tivesse se posicionado no momento da ofensa. “Quando uma mulher é firme, os machistas de plantão dizem que ela é agressiva, que ela é histérica, que ela é louca, para tentar desqualificar o conjunto do conteúdo político que aquela mulher traz”.
Hattem alegou que não ouviu a fala.
Quem é o Bibo
Na maioria de suas postagens de redes sociais, Bibo Nunes marca o perfil de Bolsonaro. Também repete os discursos de seu mito em muitas delas.
Numa das publicações no Twitter, em 22 de novembro, chegou a escrever: “Esquerda gosta tanto de pobre, que multiplicou a pobreza no Brasil, quando estavam no comando!”.
Como se sabe, o salário mínimo teve os maiores reajustes reais nos governos Lula e Dilma e ficou notabilizada a ascensão econômica da chamada “classe C” no período.