Bolsonaro quer criar tilápia em hidroelétricas, peixe que compromete espécies nativas

Presidente lançou a ideia em uma live. Especialistas reagiram imediatamente

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O presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido-RJ) pretende transformar as represas de 73 hidrelétricas do País em grandes criadouros artificiais de peixe, a maioria deles para tilápia. A ideia provocou reações de ambientalistas e cientistas, pois o peixe compromete outras espécies nativas que ainda resistem nos maiores rios brasileiros.

Das 73 barragens selecionadas, 60 preveem a criação de tilápia. O governo, por sua vez, afirma que possui estudos técnicos suficientes para demonstrar que a tilápia não é uma ameaça, que não se adapta às profundidades comuns aos grandes reservatórios e que não é um predador de nenhuma espécie brasileira.

Bolsonaro e o secretário nacional de pesca e aquicultura, Jorge Seif Júnior, foram às redes sociais na última terça-feira (8), para afirmar que o governo está próximo de viabilizar o cultivo da tilápia no lago de Itaipu.

“O Brasil possui 73 lagos de hidrelétricas sob administração federal que podem servir para o cultivo de até 3,9 milhões/ton/ano”, disse Bolsonaro. Seif Júnior completou: “hoje, todo o Brasil produz 320 mil toneladas/ano. O potencial, somente de Itaipu, é de 400 mil ton/ano.”

Miguel Petrelli Júnior, professor do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Universidade Federal do Pará que pesquisa o tema há 45 anos, afirma que, na realidade, há uma série de riscos atrelados à criação em rios, mesmo que represados. A tilápia é um peixe onívoro que se alimenta do que encontra pela frente. Como é de fácil adaptação e de rápida reprodução, acaba dominando a maior parte dos ambientes. “Em uma situação de escape desse peixe, essa consequência é clara”, diz Petrelli Júnior.

Ele ainda chama a atenção para o uso de rios que formam esses reservatórios. “Em geral, os produtores colocam essas gaiolas nos braços do reservatório, que são as partes mais sensíveis. Com os dejetos do peixe, aumenta o volume de material orgânico, ampliando a formação de algas, roubando o oxigênio dos demais. Há clara deterioração do espaço ocupado”, explica.

Com informações do Estadão

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