Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta quarta-feira (18), a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) celebrou a eleição de negros e pessoas trans nos municípios do país, afirmando se tratar um dos principais avanços do pleito deste ano.
"Eu acho muito importante que isso tenha ocorrido no Brasil. Não só das candidaturas trans, mas das mulheres negras, o aumento da eleição de negros. Isso é uma questão que temos que discutir. Muita gente fala, diminuindo, sobre o problema identitário. Eu não acho que a candidatura da mulher negra, dos trans, dos negros seja uma questão identitária", afirmou a ex-presidenta.
Em seguida, Dilma comentou sobre quando foi presa pela ditadura militar nos anos 70 e questionou o historiador Jacob Gorender, preso em cela ao lado da dela, sobre seu interesse pelo tema do escravismo colonial.
"Ele me de uma resposta que nunca vou esquecer: as relações escravistas são fundadoras do Brasil. Nós superamos o escravismo do ponto de vista econômico, mas não superamos nem do ponto de vista político, nem social, nem ideológico", relata. "A questão racial é extremamente importante no Brasil, ela integra a estrutura principal da relação entre as diferentes forças sociais. Pobre no Brasil é negro", completa.
Com isso, Dilma argumenta que a questão racial não é identitária, mas sim estruturante. "A questão da mulher também não é identitária, a questão do patriarcalismo é estruturante", afirma.
"Tudo que chamamos de questão de identidade, engloba todas as relações de desigualdade. O critério é renda, é raça, é gênero e sexualidade. Trans no Brasil tá naquela fase que ainda é caso de polícia. Quando você tem um maior número de trans, mulheres, negros, mostra que tem um grande espaço de luta, por ser reconhecido, por ocupar um espaço político, que é fundamental. É o melhor resultado dessas eleições é essa representação maior com essa forma, com essa aparência", finaliza.
Confira a entrevista completa: