A hostilidade da família Bolsonaro para com China reflete as suas consequências em um artigo escrito pelo embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, publicado neste domingo (1) em alguns meios brasileiros.
No texto, Wanming defende uma maior aproximação do seu país com a América Latina a partir do próximo plano quinquienal que o governo de Xi Jinping deve ser apresentar este ano. Porém, evita enfatizar a aproximação com o Brasil mais especificamente – o que seria esperável, por se tratar do país com o qual ele deveria fortalecer a relação.
O artigo é bastante pragmático, e destaca o fato de que a China “aprofundou a cooperação mutuamente benéfica com a região (da América Latina) e contribuiu para fomentar o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a melhoria do padrão de vida da população”, mas sem destacar nenhum país específico, apenas lembrando que o gigante asiático é “o maior parceiro comercial de Brasil, Chile, Peru e Uruguai, e o segundo maior parceiro de quase todos os demais países”.
No parágrafo sobre os investimentos chineses na região, Wanming indica outro sintoma de como a animosidade bolsonarista pode ter efeitos nas relações. O diplomata lembrou que “a América Latina é o segundo maior destino dos investimentos chineses, atrás apenas da Ásia”, e citou os “430 bilhões de dólares investidos por empresas chinesas gerando cerca de 1,8 milhão de empregos na região”, mas também mostrou que o Brasil recebe uma fração bem pequena desse total, cerca de 20 bilhões de dólares, ligado ao Fundo de Cooperação Brasil-China para a Expansão da Capacidade Produtiva, que “apoia projetos específicos de cooperação bilateral”.
No entanto, a conclusão do artigo é um convite a uma relação melhor. “A China está disposta a se unir e cooperar com todos os países da região para trazer mais benefícios aos nossos povos e fazer novas contribuições para a paz, a estabilidade e a prosperidade mundiais”. Resta saber se o bolsonarismo aproveitará essa oportunidade para mudar sua postura.