A indicação do católico Kassio Nunes Marques para a vaga de Celso de Mello no Supremo Tribunal Federal (STF) provocou um racha no núcleo duro de evangélicos que apoiam Jair Bolsonaro. Principal opositor da indicação, Silas Malafaia tem deixado a pregação de lado nas suas redes sociais para atacar os apoiadores de Kassio Nunes, ligando o desembargador a "Dilma, Lula e à ideologia do PT".
Em entrevista a Anna Virginia Balloussier, na edição desta quarta-feira (7) da Folha de S.Paulo, Malafaia elevou o tom e acusou a Igreja Universal do Reino de Deus, capitaneado por Edir Macedo, de de fazer um "jogo estratégico nojento", trocando o apoio à indicação de Nunes pelo de Bolsonaro a Marcelo Crivella (Republicanos) na eleição municipal do Rio de Janeiro.
"Essa conversinha fiada da Igreja Universal é por interesse político, tá? Um jogo estratégico nojento, político, para agradar, porque Bolsonaro está apoiando Crivella e Russomanno. A Universal que é isolada. Representa 4% dos evangélicos. Isso é onda, puríssima", disse Malafaia, afirmando que Macedo foi um dos pastores que assinou uma lista com indicação de três nomes "terrivelmente evangélicos" para serem indicados pelo presidente.
Para Malafaia, Nunes Marques é "desembargador nomeado por Dilma e tem amizade com a turma do PT". "Tanto é que um dos mais ferrenhos inimigos do presidente, o presidente da OAB, elogiou Bolsonaro por escolher o cara. Precisa de mais alguma coisa? A tese dele, quando fala de aborto, é uma coisa muito dúbia".
Apesar da bronca, Malafaia diz que continua próximo ao presidente e diz que ri quando dizem que ele perdeu o prestígio com Bolsonaro.
"Tenho que rir desta. Tem gente lá que tem a maior dor de cotovelo. Onde tem ser humano, minha filha, tem despeito. Falo toda semana com presidente… É, não tenho prestígio nenhum".