O presidente do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, afirmou, na edição do Fórum Sindical desta quarta-feira (28), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está sendo um bom cabo eleitoral para as eleições municipais deste ano.
“De norte a sul do país, o único candidato que ele apoia e está indo bem é o de Fortaleza”, afirmou, em referência a Capitão Wagner (Pros), que está liderando as pesquisas para a eleição da capital cearense.
“No Rio, o Crivella agarrou no Bolsonaro achando que fazia um bom negócio, mas não está sendo”, disse o sociólogo. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) aparece, nas pesquisas, em empate técnico em segundo lugar com as candidatas Martha Rocha (PDT) e Benedita da Silva (PT).
A apresentadora do programa, Maria Frô, destacou o fato de que, em São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) tirou do ar o jingle da campanha que mencionava o capitão reformado depois de derreter nas pesquisas. Nesse caso, Coimbra destacou que, mais uma vez, o desempenho de Russomanno “degringola”. “É provável que ele repita a história dele”, disse, referindo-se às duas eleições anteriores que o jornalista disputou, largando na frente e depois não ficando nem sem segundo lugar.
“As pessoas estão decepcionadas com esse tipo de político que se diz outsider. Bolsonaro, [Wilson] Witzel no Rio, [Romeu] Zema em Minas ainda não disse a que veio”, avaliou.
Para ele, a situação atual se assemelha ao pleito de 1990. No ano anterior, Fernando Collor tinha ganhado a Presidência da República com discurso semelhante, de rompimento com a política tradicional. Mas o início de seu mandato foi uma decepção, analisa o sociólogo. “A grande maioria do eleitorado então procurou políticos mais conhecidos, com uma biografia”, afirmou.
Desinteresse
Outro fato que Coimbra destacou na entrevista foi a falta de interesse que a população, especialmente das grandes cidades, está demonstrando nessa eleição.
“As pesquisas estão mostrando que mais da metade não tem candidato na chamada pergunta espontânea”, afirmou o sociólogo. Essa é a parte da pesquisa eleitoral em que o entrevistador pergunta, sem apresentar o nome de nenhum concorrente, em quem a pessoa pretende votar. Ele analisa que esse percentual mostra a indiferença que a população está demonstrando. Para Coimbra, “obviamente é reflexo do atual momento”, especialmente com a pandemia do novo coronavírus.