Na próxima segunda-feira (26), o publicitário João Santana concederá sua primeira entrevista desde que saiu da prisão, em outubro de 2018, ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Santana é ex-marqueteiro do PT.
O publicitário, que nos últimos anos retomou seu trabalho como músico, foi preso pela Lava Jato em 2016 e condenado a 8 anos e 4 meses por irregularidades na campanha de Dilma Rousseff à presidência de 2010. Ele foi solto em outubro de 2018 após fechar acordo de delação premiada em que afirmou ter tratado diretamente com a ex-presidenta sobre Caixa 2. A petista nega a acusação.
Segundo a âncora do programa, Vera Magalhães, Santana não fez nenhuma exigência ou objeção sobre a entrevista, em que há a expectativa que ele fale sobre o que o levou a fazer a delação premiada contra Dilma e outros políticos com foro privilegiado.
João Santana falou em público pela última vez em julho de 2019, quando participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do BNDES na Câmara dos Deputados, que investigava supostas irregularidades cometidas pelo banco no período de janeiro de 2003 a 2015.
Contra a delação
Na ocasião, o marqueteiro disse que realizou uma delação premiada contra sua vontade pessoal e apontou seletividade nas investigações da Lava Jato ao apenas incriminá-lo, quando a prática de Caixa 2 eleitoral era praticada por todos os candidatos e partidos.
Em resposta à pergunta do deputado Jorge Solla (PT-BA), membro da CPI, sobre a seletividade e a pena de prisão para forçar sua delação, o publicitário respondeu: "Esse último detalhe eu não posso dizer que foi dessa forma. Agora fui o único, e me surpreendeu. O porquê eu não sei. Posso deduzir. Eu acho que houve uma casualidade, uma seletividade. Acho que fui vítima da exposição minha, de ter feito tantas campanhas ligado ao Partido dos Trabalhadores", disse.
Santana ainda comentou, à época, sobre as pressões que teria recebido para colaborar com os investigadores, em troca da redução de pena. "De forma explícita, em nenhum momento. Meus advogados acompanharam. Nenhum momento foi dito isso, ‘olha, você vai ter que falar…’, mas a circunstância toda que se vivia, realmente eu fiz uma coisa que não queria, colaborar de forma nenhuma”, afirmou. “A única argumentação mais forte que eu recebi é que eu auto me incriminasse na questão da corrupção, aí seria um absurdo".