Russomanno insiste na tese da falta de banho: "Moradores de rua são mais resistentes que a gente"

Confrontado por jornalistas, candidato de Bolsonaro à prefeitura de São Paulo insistiu que população de rua teria mais imunidade à Covid pelo fato de não tomarem banho: "A ciência tem que explicar"

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Durante a saída de um almoço com empresários do ramo do varejo no Brás, em São Paulo, na tarde desta quarta-feira (14), o deputado Celso Russomanno (Republicanos), candidato de Jair Bolsonaro à prefeitura da capital paulista, insistiu em sua tese de que a população em situação de rua seria mais resistente à Covid-19 pelo fato de, supostamente, não tomar banho.

“Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi pré-estabelecido pela OMS…e, eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não tem como tomar banho todos os dias, etc e tal”, havia disparado na terça-feira (13) o bolsonarista, que lidera as pesquisas de intenção de votos.

Já nesta quarta-feira (14), ao ser confrontado sobre a declaração por jornalistas, Russomanno tentou passar a ideia de que foi mal interpretado, mas reafirmou sua colocação, atribuindo ainda à ciência a responsabilidade de explicar sua tese infundada.

"Eu estava fazendo uma consideração de que a ciência tem que explicar por que que eles [os moradores de rua] são imunes. Talvez porque tenham mais resistência, só por isso, era isso que eu queria falar. Eles têm mais resistência que a gente. O que eu disse, e volto a repetir, é que se alardeava - e eu começo falando isso - que os moradores e rua e que a cracolândia seriam desimados, seriam exterminados pela covid-19. E não foi o que aconteceu. E que a ciência tem que explicar muito para a gente em relação à covid, era isso que eu estava considerando", disse.

Diante da insistência dos jornalistas para que Russomanno explicasse sua declaração, o candidato tergiversou. "Vou te perguntar isso, é uma mentira ou uma verdade? Nós vamos combinar nós três hoje, às 18h, vamos lá no Pátio do Colégio e vamos perguntar se é uma verdade ou uma mentira. Topa? Topa? Quero saber se os aparelhos públicos dão banheiros para que eles possam tomar banho todos os dias. Dão?", declarou.

A possibilidade de pessoas que não tomam banho serem mais resistentes à doença causada pelo coronavírus não encontra qualquer respaldo científico. As recomendações de especialistas para evitar o contágio da Covid-19, inclusive, passam, principalmente, pela manutenção de hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos com frequência.

Não há dados consolidados para que a declaração de Russomanno sobre uma suposta resistência da população de rua à Covid-19 encontre respaldo. Números da prefeitura de São Paulo, por exemplo, mostram que, de abril a agosto, 294 pessoas em situação de rua foram diagnosticadas com Covid-19. Desse total, 30 foram a óbito. A quantidade, no entanto, pode ser ainda maior, já que muitas pessoas em situação de rua não possuem cadastro junto às secretarias responsáveis para que possam ser monitoradas.

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