O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), resolveu "entrar em campo" na campanha pela prefeitura da capital, Fortaleza, e nesta quarta-feira (14) usou as redes sociais para confrontar o candidato bolsonarista Capitão Wagner (Pros), que lidera as intenções de votos nas pesquisas - o segundo lugar é da correligionária de Santana, a deputada Luizianne Lins (PT).
Em entrevista recente ao Diário do Nordeste, Capitão Wagner disse que não participou do movimento de policiais amotinados que, com táticas de milícia, aterrorizaram o estado em fevereiro deste ano. Santana, então, decidiu desmentir o postulante à prefeitura de Fortaleza.
"Vi no DN entrevista do Capitão Wagner dizendo não ter apoiado o motim deste ano, que aterrorizou o Ceará. Não é verdade. Tanto liderou o motim de 2011 como teve participação direta nesse último motim, que teve clara motivação política para desorganizar a segurança do Ceará", escreveu o governador.
"Capitão Wagner participou ativamente de manifestações com encapuzados, discursou no Batalhão dos amotinados e teve seus aliados na linha de frente, todos integrantes de seu grupo político e candidatos ao seu lado. As notícias e imagens estão aí para quem quiser ver. Por fim defendeu abertamente anistia para quem praticou esses crimes, o que jamais aceitei. Foi um dos atos mais covardes já praticados contra a população por uma minoria de policiais que não representavam a grande maioria da tropa, formada por policiais corretos e dedicados. A população precisa saber da verdade", completou o petista.
O candidato bolsonarista, por sua vez, recuou e decidiu não manter a versão dada em entrevista de que não teria participado do movimento ilegal de policiais. "Desejo ao Governador @CamiloSantanaCE o pronto reestabelecimento da sua saúde! Nossa campanha tá linda e alegre. Não vou pra um embate que não foque as soluções para os problemas de Fortaleza. Dia 15 de Novembro pode votar 90 e confirmar", escreveu.
Nos comentários, internautas ironizaram o recuo do capitão. "Capitão, parece que o sr. não está querendo esclarecer se estava por trás dessa arruaça que assustou os moradores do estado e os brasileiros que acompanharam aflitos o caos nas ruas do Ceará. O sr. estava envolvido nisso?", questionou o jornalista George Marques.
"Não vou para o embate pq o Governador só disse verdades q eu não tenho como questionar", ironizou o usuário Roger Oliveira.
Motim de policiais
Ao longo de 13 dias, entre fevereiro e março deste ano, grupos de policiais do Ceará passaram a aterrorizar o estado utilizando práticas típicas de milícias, com toques de recolher, violência e até mesmo incêndio de veículos. Eles também tomaram viaturas e renderem policiais que se recusam a aderir aos motins. Foi em meio a este movimento que o senador Cid Gomes foi baleado por um dos policiais ao tentar acabar com as ações de terror do grupo.
Esses grupos representam uma minoria da categoria que não aceitou um acordo sobre reajuste salarial feito pela maioria com o governo do estado.
O movimento teve fim no dia 1º de março, após o governador Camilo Santana suspender o porte de arma e afastar os policiais envolvidos no movimento. O mandatário estadual também negou anistia aos amotinados.