Reportagem da Vaza Jato publicada no Intercept Brasil nesta terça-feira (13) mostra que procuradores da Lava Jato interferiram para conseguir um juiz aliado à força-tarefa no lugar de Sergio Moro, que deixou o posto ao aceitar o convite para o Ministério da Justiça do governo Bolsonaro.
A mobilização foi capitaneada por Deltan Dallagnol e incluiu o então presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, assim como um grupo de juízes e procuradores amigos. Qualquer juiz da 4ª região da Justiça Federal poderia disputar o posto. O escolhido, no entanto, seria quem tivesse mais tempo de carreira.
Em mensagens de texto e áudio, Dallagnol pede a colegas próximos a Lenz para tentar “advogar” junto a ele por uma solução. A ideia era colocar três magistrados na posição de assessores do veterano Luiz Antônio Bonat em tentativa de convencê-lo a disputar a vaga de Moro.
“A gente tem que conseguir um apoio. A ideia talvez seria de ter juízes assessores ali designados junto a ele”, disse Dallagnol nas mensagens. Procuradores consideravam que Bonat, 64 anos, precisaria de ajuda para dar conta dos processos no Paraná. Assim, a estratégia da força-tarefa foi garantir que nem todo o trabalho da operação cairia sobre ele.
Conversas mostram ainda que o juiz resistiu a entrar na disputa pelo cargo, mas foi convencido a concorrer por procuradores que “estavam preocupados” com a possível vitória do juiz Julio Berezoski Schattschneider, considerado "inimigo" da Lava Jato. Uma das juízas que integrava o grupo montado por Dallagnol para trabalhar "por trás" de Bonat foi Gabriela Hardt, nomeada na 13ª Vara Federal de Curitiba.