Arcebispo critica fim da Lava Jato anunciado por Bolsonaro: “Não somos dignos de sermos escravizados pela corrupção”

Dom Orlando Brandes, de Aparecida, afirmou ainda que é necessário evitar as idolatrias, direcionada às vezes até a “pessoas autoritárias, que tomam o lugar de Jesus”

Dom Orlando Brandes, arcebispo de Aparecida, durante missa do dia de Nossa Senhora Aparecida (Foto Facebook/Santuário Nacional de Aparecida)
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O arcebispo de Aparecida, dom Orlando Brandes, criticou nesta segunda-feira (12) o “fim” da Lava Jato, que foi anunciado na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Para ele, a impunidade “está voltando”.

“Quanto à impunidade, aqui, com tudo o que aconteceu na Lava Jato está claríssimo que a impunidade está voltando e que deveríamos salvar muito a Lava Lato porque ali então nós estamos vencendo o dragão da corrupção, que não deve voltar. Não somos dignos de sermos escravizados pela corrupção, e pão na mesa de todos, vida para todos, é o Evangelho", disse em entrevista após a missa principal de celebração do Dia de Nossa Senhora Aparecida.

Na homilia, Brandes criticou as idolatrias, a polarização e a violência e defendeu que as pessoas se livrem delas. “Devemos nos despir de tudo o que é idolatria, às vezes até idolatrando pessoas autoritárias, que tomam o lugar de Jesus. Despir-se da arrogância, do armamento”, afirmou.

Embora Bolsonaro seja chamado por apoiadores de “mito” e defenda o armamentismo, o arcebispo negou, em entrevista coletiva depois da missa, que estivesse se referindo ao presidente.

O religioso disse que esse é o ensinamento do Evangelho. “Precisamos nos desarmar de tudo. Estamos com o espírito muito armado. Temos que desarmar para viver uma vida de paz e fraternidade, e não de ódio”, afirmou.

Sobre idolatria, Brandes disse que ela cria fanatismos que não permitem ver o ponto de vista do outro. Para ele, essa idolatria “tira o lugar de Deus e da fraternidade”.

Durante o sermão, Brandes deu outras estocadas em Bolsonaro, como quando falou das queimadas na Amazônia e no Pantanal, deixando subentendida crítica às autoridades que não agiram para minimizar os efeitos dos incêndios.