A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, compartilhou em suas redes sociais, na tarde deste domingo (11), o terceiro episódio da série "O verdadeiro agro do Brasil", produzida como o intuito de promover o agronegócio do país no exterior. Com narração em inglês, atores e vídeos de banco de imagens, produção usa "infrações de trânsito" cometidas por carro de luxo para explicar crimes ambientais.
O primeiro episódio da série foi lançado em julho, mesmo mês em que o Pantanal registrou o primeiro recorde histórico de queimadas em 2020. Em julho, o número de queimadas no Pantanal foi o maior para o mês desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a coletar os dados em 1998.
O episódio compartilhado pela ministra trata do tema "regularização fundiária", afirmando que essa é a solução contra o desmatamento e incêndios florestais no Brasil. O vídeo mostra um carro de luxo correndo na cidade para dizer que infratores do meio ambiente devem ser punidos da mesma forma como é feito em relação às regras de trânsito.
"Imagine alguém dirigindo pela cidade com um carro sem placa, enquanto comete diversas infrações de trânsito. Infrações de trânsito contam com uma aplicação estrita da lei. Tudo o que é preciso é identificar, monitorar e punir motoristas imprudentes. Os mesmos princípios se aplicam quando pensamos em propriedade de terra. Terras sem registro são mais difíceis de monitorar", diz a narração do vídeo.
O episódio se inicia com um dos jargões do governo de Jair Bolsonaro, que alega que o Brasil é um dos maiores produtores de comida no mundo. "Talvez o que muitas pessoas não sabem é que o Brasil sustenta essa posição enquanto preserva 66,3% de suas florestas", prossegue o vídeo. A mesma informação foi repercutida pelo ex-capitão em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, em setembro deste ano.
Apesar do governo exaltar a produção de alimentos no Brasil, mais de 10 milhões de brasileiros vivem em situação de insegurança alimentar grave, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa se refere aos anos de 2017 e 2018.