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A mente lunática do astrólogo Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro, acaba de lançar mais uma teoria da conspiração que vem sendo propagada nas redes sociais pelos seus doutrinados.
Desta vez, Olavo diz que o demitido secretário especial da Cultura, Roberto Alvim - que também é parte de sua legião de doutrinados - teria sido sabotado por um "funcionário sacana" que "enxertou" a frase do ministro nazista da Propaganda, Joseph Goebbels, no discurso e avisou um jornalista quando o vídeo, que traz o diretor teatral em um cenário cuidadosamente preparado e com a trilha sonora preferida de Adolf Hitler ao fundo, foi ao ar.
"A frase enxertada no discurso do Alvim não tem, por si, nenhum conteúdo nazista ou racista. Só depois de todo mundo saber que é uma paráfrase do Goebbels é que a coisa vira escândalo. Mas quantos jornalistas brasileiros leram tantos discursos do Goebbels ao ponto de identificar a autoria de uma frase solta? Obviamente nenhum. Quem levantou a lebre fez isso inspirado no filme da Sandra Bullock. Como é simplesmente impossível que o Alvim usasse o truque desse filme para foder com a própria reputação, é obvio que algum funcionário sacana fez isso e depois avisou o jornalista, que, esfregando as mãos de prazer, deu no Alvim o tiro de misericórdia. Interroguem esse jornalista e acabarão sabendo de onde veio a coisa toda", delira o guru, em publicação nesta sexta-feira (17) no Facebook, horas após a demissão de Alvim.
A comparação do vídeo com elementos nazistas foi divulgado inicialmente pelo portal Jornalistas Livres na madrugada da sexta-feira (17), poucas horas depois que o vídeo foi divulgado, que fez a comparação entre os textos. Na sequência, outros elementos nazistas no vídeo foram detectados por usuários das redes sociais e outros portais de notícias.
Para Olavo, no entanto, Alvim, que tem décadas de atuação no mundo do teatro e é aluno de seus cursos de "filosofia", não teria capacidade de detectar os elementos nazistas no cenário e no discurso preparado e "a dúvida continua: quem enxertou a frase do Goebbels no discurso do Alvim, copiando nisso o truque sujo aprendido no filme da Sandra Bullock, e ainda reforçou a coisa com um fundo musical de Richard Wagner? O episódio revela o poder e o espírito criminoso do "deep State", indaga o guru.
Rede conspiratória
O delírio conspiratório de Olavo foi repercutido em peso pelos seus doutrinados nas redes sociais. Seguindo a estratégia de propagação das fake news, a tese olavista foi propagada primeiramente por seus discípulos mais diretos, como o youtuber Bernardo Küster, editor do site de "notícias" do guru, que repercutiu a teoria em suas redes.
Sara Winter, ex-feminista abrigada no governo Bolsonaro, seguiu as diretrizes e acrescentou elementos à teoria conspiratória, que, segundo ela, ocorreu "tempo depois de Alvim e Bolsonaro anunciarem um excelente programa de governo para a pasta da Cultura", estourando "essa bomba de proporções incalculáveis conectando o governo à referências nazistas". "Já disse e continuo dizendo. Pelo menos 40% dos funcionários deste governo, AINDA SÃO DE ESQUERDA, concursados e que não podem ser exonerados. Estão por todas as partes, escutam, tramam, boicotam, fazem o sistema emperrar. Eu não acredito em coincidências", tuitou.2/2 E, possivelmente, tirou a ideia daquele filme de Sandra Bullock em que ocorre EXATAMENTE a mesma sabotagem. Como disse Olavo: achem o jornalista que primeiro deu a notícia que tudo será desvendado, pois ele é o contato do possível sabotador.
— Bernardo P Küster ?? (@bernardopkuster) January 18, 2020
Já disse e continuo dizendo. Pelo menos 40% dos funcionários deste governo, AINDA SÃO DE ESQUERDA, concursados e que não podem ser exonerados. Estão por todas as partes, escutam, tramam, boicotam, fazem o sistema emperrar. Eu não acredito em coincidências.
— Sara Winter (@_SaraWinter) January 17, 2020