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Na manhã desta quarta-feira a coluna "Painel", da Folha de S. Paulo, informou que já há discussões dentro do PSOL que colocam a deputada federal Sâmia Bomfim (SP) com um dos nomes favoritos do partido para disputar a prefeitura de São Paulo em 2020.
Em entrevista à Fórum, Sâmia confirmou que já foi consultada internamente e que, de fato, topa o desafio de concorrer ao Executivo da maior cidade do país. "Sim, de fato já há uma discussão no interior do partido em torno do meu nome para disputar a prefeitura da cidade pelo perfil, pelo espaço que a candidatura poderia ter", afirma.
Aos 30 anos, com uma carreira política relativamente recente, Sâmia já foi vereadora e se tornou deputada com uma das maiores votações entre quadros de esquerda. Na Câmara Federal, vem assumindo protagonismo ao fazer o confrontamento direto com os representantes da direita e do governo Bolsonaro.
Para a parlamentar, que é formada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), há a necessidade em se apostar não só na renovação de quadros, mas também no radicalismo de figuras de esquerda, com o objetivo de fazer frente à ascensão bolsonarista que deve se fazer presente nas eleições municipais.
Caso sua candidatura seja confirmada, Sâmia deverá enfrentar a também deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), bolsonarista de primeira hora que é a principal aposta do núcleo do governo para a prefeitura da capital paulista.
"A gente vê um processo de uma nova direita crescendo no Brasil, com posições mais radicalizadas. E também é responsabilidade da esquerda saber fortalecer suas próprias lideranças, também renovadas, e com posições radicais, dos princípios de defesa dos direitos sociais, dos trabalhadores e dos direitos humanos", pontua.
Confira, abaixo, a íntegra da entrevista em que Sâmia fala da possível candidatura.
Fórum - Deputada, de fato já há essas conversas no PSOL em torno do seu nome para a prefeitura no ano que vem? A senhora já foi consultada sobre?
Sâmia Bomfim - Sim, de fato já há uma discussão no interior do partido em torno do meu nome para disputar a prefeitura da cidade pelo perfil, pelo espaço que a candidatura poderia ter. Por ser uma mulher jovem e por ter sido, nas eleições pra Câmara Federal, a deputada de esquerda mais votada do estado e a sexta mais votada da cidade. Então, seria uma oportunidade para ampliar esse diálogo e o debate no PSOL. Já fui consultada e sempre me coloco à disposição das tarefas que forem úteis para a construção de um programa de esquerda para a cidade e, nesse momento da resistência, há um recrudescimento da extrema-direita no Brasil. Acredito que as eleições municipais vão cumprir com um papel importante para tentar quebrar com esse fortalecimento do conservadorismo, de setores fundamentalistas ligados a Bolsonaro. Se minha candidatura contribuir para isso, eu fico bem satisfeita.
Fórum - A senhora, de antemão, topa a candidatura ou depende de algum outro fator para confirmar?
Sâmia Bomfim - Eu acho que tem que ser uma candidatura aceita na sociedade, nos movimentos sociais, na base não só do PSOL, mas de todos os setores progressistas da cidade, e claro, ser bem aceita dentro do partido. Desde o anúncio através da Folha a repercussão tem sido bastante interessante, tenho recebido ligações de diversas lideranças de sindicatos, movimentos sociais, parlamentares do PSOL e outros grupos políticos apoiando essa possibilidade. Se não houver resistência interna, não tem nenhum fator que me impediria.
Fórum Como a senhora se sente, com uma carreira política relativamente recente, ao já ser cotada para a prefeitura pelo PSOL, principalmente depois de o partido ter lançado uma figura tão simbólica como Luiza Erundina?
Sâmia Bomfim - Eu me sinto honrada com a discussão do meu nome. Principalmente porque a última campanha foi encabeçada pela Erundina que é uma grande referência para mim aqui no Congresso pela história de luta e coerência em defesa dos trabalhadores, dos direitos sociais. E é bastante desafiador. Mas acho que mostra também que há espaço e talvez uma necessidade de que a esquerda vá forjando e consolidando novos quadros e lideranças políticas. A gente vê um processo de uma nova direita crescendo no Brasil, com posições mais radicalizadas. E também é responsabilidade da esquerda saber fortalecer suas próprias lideranças, também renovadas, e com posições radicais, dos princípios de defesa dos direitos sociais, dos trabalhadores e dos direitos humanos.
Fórum - Acredita em algum tipo de união entre as esquerdas em São Paulo para enfrentar o bolsonarismo?
Sâmia Bomfim - Acredito que sim. É preciso, em todas as cidades, haver um debate franco e fraterno entre os setores progressistas para que tenhamos força para enfrentar o bolsonarismo. Por isso o meu nome está em discussão, foi colocado à disposição, porque expressou bastante força eleitoral e bastante força na sociedade, então seria um bom nome para representar esse momento da política.