Dallagnol diz que “vontade” de Janot de matar Gilmar Mendes não pode ser classificada como crime

Dallagnol afirmou ainda que considera Janot uma pessoa “equilibrada e ponderada”

Foto: Agência BrasilCréditos: Agência Brasil
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O procurador e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, comentou, em entrevista nesta segunda-feira (30), na Rádio Jovem Pan, o caso do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que revelou ter ido armado à uma sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) com a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes e depois se suicidar. Apesar de se dizer surpreso com a atitude do ex-PGR, Deltan ressaltou que a “vontade” de matar Mendes não pode ser classificada como um crime. Ele também avaliou a reação do Supremo, que, sob o aval do ministro Alexandre de Moraes, ordenou mandados de busca e apreensão na casa e no escritório de Janot, suspendeu seu porte de armas e o proibiu de ficar perto de membros do STF como exagerada. “Sem minimizar a gravidade, o que me preocupa mais não é que isso tenha passado pela cabeça dele, me preocupa a reação totalmente destemperada do STF. Faltou jurisdição, a gente estuda que a simples cogitação de fazer algo errado não é errado, não é crime. Se alguém cogitar roubar um banco, matar alguém, por pior que seja o crime, não é punível. A gente não pode punir alguém por pensamentos”, disse. Dallagnol afirmou que considera Janot uma pessoa “equilibrada e ponderada”. “Posso falar do Janot que conheci. Lembro de uma conversa que tive com ele, que nunca saiu da mente, em que ele disse: ‘Deltan, sabe o que os ministros do STF esperam de um procurador-geral? Eles não esperam que eu seja fraco ou forte, mas sim que eu seja equilibrado e ponderado’. Isso é o que eu sempre vi em Janot, e essa declaração destoou do que vi”, comentou. “A fala [de Janot] contraria a ideia civilizatória segundo a qual temos que buscar resolver desavenças na Justiça, e contraria o princípio cristão segundo o qual devemos querer bem os que nos querem mal, orar por quem nos persegue, mas é muito fácil julgar de fora sem ter vivido o que ele viveu”, continuou o procurador.