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Na noite de sexta-feira (12), manifestantes pró-Lava Jato e apoiadores do ex-juiz Sérgio Moro tentaram interromper a palestra com o jornalista Glenn Greenwald, em Paraty, durante a Festa Literária Pirata de Editoras Independentes (Flipei), extensão da Flip.
No entanto, eles não conseguiram. Com som alto tocando remix do Hino Nacional e soltando rojões do outro lado do rio tentando atingir o barco “pirata” em que a mesa de debates acontecia, os manifestantes não conseguiram abafar a palestra ou espantar o gigantesco público que se reuniu para debater “Os desafios do jornalismo em tempos de Lava Jato”,
Greenwald participou da mesa que tinha o objetivo de discutir os desafios do jornalismo investigativo em tempos de bolsonarismo e o poder da informação, assim como o papel da Vaza Jato no cenário político atual. Junto ao jornalista, estavam Alceu Castilho (De Olho nos Ruralistas), Gregório Duvivier (Greg News), Sergio Amadeu (UFABC) e a mediadora Sabrina Fernandes.
Em entrevista à Fórum, Sergio Amadeu, O sociólogo e autor do livro “Democracia e os Códigos Invisíveis: como os algoritmos estão modulando comportamentos e escolhas políticas”, disse que “neofascistas ligados ao bolsonarismo” tentaram impedir o debate, mas eles eram poucos: “Eram poucas pessoas, violentas, agressivas… ficaram do outro lado do rio, atiravam rojões na platéia e no barco, mas não tinham alcance para isso. Não conseguiram abafar o debate.”
Amadeu também reforçou a importância de conversas sobre o jornalismo investigativo em um momento como o que estamos vivendo: “É importante o jornalismo investigativo nesse momento, onde há um autoritarismo gigantesco, onde as instituições estão corrompidas desde o golpe de 2016.”
“É curioso que uma matéria disse que os manifestantes ‘abafaram’ a palestra”, conta o professor universitário, reforçando o pequeno tamanho dos protestos em relação aos que defenderam Glenn Greenwald durante a palestra. “Eram 30 pessoas com som contratado, pago por não sabe quem, contra milhares de pessoas. Foram milhares de pessoas. Foi o maior evento da Flip, foi gigantesco. O debate acabou duas horas depois e não conseguiram abafar.”
No final, não apenas os manifestantes não conseguiram abafar a discussão, como também deram mais destaque para o debate: ”O bolsonarismo é contra o debate, contra a análise racional, feita com base em fatos. Eles tentam se impor na violência. Como éramos superiores numericamente, só restou pra eles ficar soltando rojão, mas isso fez com que o evento fosse o maior da Flipei e da Flip.”
“O tiro saiu pela culatra”, finalizou Sergio Amadeu sobre os manifestantes pró-Lava Jato que tentaram calar o debate com o jornalista Glenn Greenwald e sobre a importância do jornalismo investigativo na atualidade.