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Deputados federais pelo Rio de Janeiro que compõem o campo progressista na Câmara divulgaram, na tarde desta segunda-feira (6), uma nota conjunta em que explicam os motivos pelos quais recusaram o convite do governador Wilson Witzel para participar de uma reunião.
Os parlamentares informaram, no comunicado, que não compareceram ao encontro - segundo eles, sem pauta definida - em protesto à "política de homicida" que vem sendo adotada pelo ex-juiz federal em comunidades e favelas do estado.
Neste sábado (4), Witzel causou polêmica ao divulgar, em tom populista, nas redes sociais, sua participação em uma operação com helicópteros e snipers em uma comunidade em Angra dos Reis. "Acabou a bagunça! Vamos colocar ordem na casa!", bradou o governador antes de entrar na aeronave e acompanhar os atiradores que dispararam contra "suspeitos".
Em março, Witzel declarou ao jornal O Globo que os atiradores de elite já estavam sendo utilizados de maneira sigilosa e, desde então, o número de mortes em favelas cariocas vem aumentado exponencialmente.
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"Pessoas com envolvimento em crimes devem ser julgadas e punidas de acordo com as leis do Estado brasileiro. O governador do Rio não pode, por decisão sua, instaurar a pena de morte, em frontal desrespeito à Constituição brasileira ou colocar em risco a vida de moradores dessas comunidades", diz a nota dos deputados.
Confira, abaixo, a íntegra.
PORQUE NOS RECUSAMOS A IR
O governador Wilson Witzel convidou a bancada federal do Rio para uma reunião sem pauta definida nesta segunda-feira (6), porém, nós, deputados e deputadas federais aqui assinalados, nos recusamos a comparecer ao encontro. Esta posição é tomada em protesto à política homicida que vem sendo posta em prática no estado e divulgada com fervor nas redes sociais do governador.
Witzel anuncia a ação, entra no helicóptero e estaria, supostamente, numa das aeronaves no momento em que aparecem sendo feitos disparos de cima, contra favelas de Angra dos Reis, na Região da Costa Verde. Pessoas com envolvimento em crimes devem ser julgadas e punidas de acordo com as leis do Estado brasileiro. O governador do Rio não pode, por decisão sua, instaurar a pena de morte, em frontal desrespeito à Constituição brasileira ou colocar em risco a vida de moradores dessas comunidades.
A política adotada por Witzel é inconstitucional, de lesa-humanidade e fere tratados internacionais assinados pelo Brasil, como a Convenção de Genebra e o Estatuto de Roma. Essa política banaliza a violência e oficializa a barbárie num estado que já convive com um aumento alarmante de mortes decorrentes de ação policial. O primeiro trimestre de 2019 já registra o maior número de mortes deste tipo em 10 anos, com aumento de 450%.
Tomaremos as devidas providências no âmbito nacional e internacional contra a repugnante e criminosa ação do governador do Rio, que quer transformar o extermínio em política de segurança pública.
Assinam:
Jandira Feghali
Deputada federal (PCdoB/RJ)
Alessandro Molon
Deputado federal (PDT/RJ)
Marcelo Freixo
Deputado federal (PSOL/RJ)
Benedita da Silva
Deputada federal (PT/RJ)
Chico D'Angelo
Deputado federal (PDT/RJ)
Glauber Braga
Deputado federal (PSOL/RJ)
Talíria Petrone
Deputada federal (PSOL/RJ)
Paulo Ramos
Deputado federal (PDT/RJ)
David Miranda
Deputado federal (PSOL/RJ)