O Brasil chantageado, por Elvino Bohn Gass

Se Bolsonaro não entende nada de economia, como ele mesmo diz, deveria aprender com seus amigos milicianos: cliente morto não paga. Mas, é claro, conjugar Bolsonaro e aprendizado na mesma oração é coisa de idiota

Sob olhar de Temer, Bolsonaro comemora faixa de Presidente (Agência Brasil)
Sob olhar de Temer, Bolsonaro comemora faixa de Presidente (Agência Brasil)
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por Elvino Bohn Gass* Desde a posse de Jair Bolsonaro os brasileiros estão sendo submetidos a intimidações e chantagens. Nenhuma proposta é sustentada pelas suas qualidades, mas pela ameaça de que se não for adotada algo desastroso acontecerá. Revogam-se direitos trabalhistas, senão o desemprego avançará. E o desemprego avança. Cortam-se os gastos com saúde e educação, senão o país não crescerá. E o país não cresce. Liberam-se armas em escala de armagedon, senão a violência não reduzirá. E a violência continua a mesma. Como uma profecia ao contrário, cada ato de destruição do Brasil e do seu povo não gera nada mais que destruição. Não há crescimento, retomada do emprego ou melhora da vida da população. O mais novo sacrifício exigido é a destruição da Previdência pública. Não se explica qualquer causalidade entre retirada de direitos de aposentados e crescimento econômico, diz-se apenas que o deus-mercado assim exige. Mesmo que o custo para a implantação da capitalização seja maior do que o confisco de recursos dos aposentados. Mesmo que a retirada de renda seja recessiva. Não importa. Como sacerdotes de um culto estranho, exigem mais sacrifícios. O deus-mercado é insaciável. Mas qualquer estudante de economia sabe, nenhum empresário investe ou contrata porque o governo está cortando gastos em educação ou sangrando aposentados. Investe e contrata quando há gente querendo e podendo comprar os produtos que ele vende. Bolsonaro faz o oposto, diminui capacidade de consumo das famílias e o investimento público. Ao matar a demanda, mata o crescimento. E quer continuar matando. Se Bolsonaro não entende nada de economia, como ele mesmo diz, deveria aprender com seus amigos milicianos: cliente morto não paga. Mas, é claro, conjugar Bolsonaro e aprendizado na mesma oração é coisa de idiota. Mas as manifestações em mais de 200 cidades Brasil afora contra os cortes na educação, contudo, demonstram que o truque deixou de funcionar, que os brasileiros querem ser felizes de novo, não reféns de chantagens. *Elvino Bohn Gass é Deputado Federal (PT/RS)
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