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Após intenso bate-boca e apelos por parte do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o Senado aprovou na noite desta terça-feira (28) o texto base da Medida Provisória que define a estrutura do governo. Em votação simbólica os congressistas aprovaram o texto vindo da Câmara, que tirou o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do guarda-chuva do Ministério da Justiça, comandado por Sérgio Moro.
O governo teve dificuldade para conter senadores do próprio PSL, que queriam mudar o texto para atender à reivindicação de Moro, que considera o Coaf estratégico no combate à corrupção. Se a medida sofresse mudanças, porém, precisaria voltar à Câmara, pondo em risco o prazo de validade, em 3 de junho.
Em uma carta enviada ao Senado, Jair Bolsonaro pediu que fosse aprovado exatamente o texto que saiu da Câmara. O Planalto temia que caso o Senado alterasse algum ponto da MP a Câmara teria pouco tempo para apreciar o novo texto.
Governo bate-cabeça
No entanto, a incoerência do governo incomodou senadores no Congresso.
O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a maioria dos senadores estava pressionada pelas manifestações de domingo a votarem pela manutenção do Coaf subordinado à pasta da Justiça e não à da Economia.
“E hoje o presidente escreve uma carta dizendo o contrário de tudo que as ruas pediram no fim de semana”, rebateu. “Se o governo é confuso que ele arque com suas trapalhadas", disse.
“Eu nunca vi em tanto pouco tempo de governo tanta coisa estranha e desorganizada”, criticou o líder do PT no Senado, Humberto Costa. Para o congressista o governo deu um tiro no pé com as manifestações de domingo. “Criou-se uma maioria pressionada pelas ruas e não houve tempo de voltar atrás em virtude das mensagens trocadas do presidente”, afirmou.
As manifestações contra o fato de a Câmara ter transferido o Coaf para a Economia foram incentivadas pelo próprio presidente Jair Bolsonaro.
No plenário, o senador Reguffe (Sem partido-DF) disse que o vai e vem do presidente “pode ter tido algum acordo esquisito por baixo dos panos”.
Concluída a tramitação, o Coaf sai das mãos do ministro Sérgio Moro e volta em definitivo para o Ministério da Economia, de Paulo Guedes.