Bolsonaro quer acabar com radares móveis em rodovias porque só "otário' se acidenta

"Tem uma curva na frente, uma ribanceira, o cara entrar a 80, 90, 100 km por hora. Não é otário, não faz isso aí. Não precisa ter um pardal para multar o cara lá”, disse o presidente; Federação Nacional de Policiais Rodoviários divulgou nota de repúdio

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O presidente Jair Bolsonaro, em mais um gesto que demonstra sua intenção de flexibilizar a fiscalização no trânsito, indo contra o entendimento de especialistas na área, informou nesta quinta-feira (23) que pretende "acabar" com os radares móveis (pardais) em rodovias federais. Em vídeo divulgado durante um evento em Cascavel (PR), além de reafirmar que pretende subir de 20 para 40 o número de pontos necessários para se iniciar processo de suspensão do direito de dirigir, disse que vai desativar os radares eletrônicos. Na parte da noite, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, o presidente voltou a tocar no assunto. O capitão da reserva disse que quer acabar com o número de acidentes de trânsito e que, para isso, tomará uma "atitude ousada": vai engavetar o pedido de oito mil novos radares em rodovias federais. Para o presidente, os radares não são necessários pois não há locais de risco e quem sofre acidentes são "otários". “Não tem novos pardais em estradas federais. Teve uma pressão de uns pequenos grupos, ai e em local, de risco? Não, não tem local de risco. Ninguém é otário. Tem uma curva na frente, uma ribanceira, o cara entrar a 80, 90, 100 km por hora. Não é otário, não faz isso aí. Não precisa ter um pardal para multar o cara lá”, disparou. Policias rodoviários repudiam  Nesta sexta-feira (24), a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FENAPRF) divulgou uma nota em que manifesta preocupação e repúdio às declarações do presidente sobre desencentivar o uso dos radares em rodoviais. “A missão maior dos policiais rodoviários federais é salvar vidas. E o uso adequado e técnico de equipamentos de radar é um dos meios capazes de concretizar esta missão”, diz trecho da nota. "Não podemos ir na contramão, sobretudo quando o Brasil ainda tem números tão alarmantes de mortes no trânsito, muitas das quais que decorrem do abuso da velocidade. A fiscalização pode e deve ser aprimorada. Não temos como concordar com a eliminação deste tipo de fiscalização", complementou, ao jornal O Globo, o presidente da federação, Dovercino Neto.