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Em entrevista aos jornalistas George Marques e Ivan Longo no programa Fórum 21, veiculado na noite desta quinta-feira (16), o deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP), que é membro da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, classificou a nova viagem de Jair Bolsonaro aos Estados Unidos como um "fiasco absoluto".
Depois de ser rejeitado em Nova Iorque por empresas e até pelo prefeito Bill de Blasio, o capitão da reserva decidiu remanejar um evento em que recebeu uma homenagem da Câmara de Comércio Brasil - Estados Unidos para Dallas, no Texas. Acontece que nem em uma das regiões mais conservadoras dos Estados Unidos o presidente brasileiro foi bem recebido.
O World Affair Council, entidade que sediou o evento, informou que foi o próprio Bolsonaro que "se convidou" e até o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, assim como Blasio, afirmou que a presença do capitão da reserva não era bem-vinda.
"Um fiasco absoluto. Foi uma viagem sem agenda, em que o presidente precisou ocupar seu tempo levando a comitiva para passear, fez até uma visita surpresa ao ex-presidente Bush. É uma coroação", disse Capiberibe.
"As viagens do presidente não têm sido boas porque Bolsonaro se considera um conservador, mas na verdade é um enorme reacionário, um reacionário que defende pautas e expõe ideias que nem os conservadores se sentem à vontade do lado dele. Se fosse um conservador convicto, de ideias liberais, e tivesse implementando uma política conservadora, mas com coerência, ele seria bem recebido. Na verdade é reacionarismo, autoritarismo e retrocesso, não tem como ele ser bem recebido", completou o parlamentar, que ainda disse que Bolsonaro vem se tornando um "pária" internacionalmente.
Na entrevista, além da imagem constrangedora que Bolsonaro vem passando ao mundo, Capiberibe analisou que o presidente vem perdendo cada vez mais força na medida em que a revolta popular cresce, principalmente a partir das mobilizações em defesa da educação, e que seu governo vem se mostrando cada vez mais sem base e sustentação. Para o parlamentar, nem mesmo a reforma da Previdência, em tramitação no Congresso, representa um projeto de Bolsonaro.
"É um projeto sustentado pelo mercado, representado pelo Paulo Guedes. É um governo que não é dele. Ele está se sustentando de uma lado nessa expectativa do mercado de privatização do nosso sistema de seguridade, privatização das universidades... O que a gente está vendo é: com esse corte de gastos em educação, o efeito imediato foi um aumento nas ações das faculdades privadas. Então, é um projeto de redução do Estado, que é do Paulo Guedes. Ele defende sem convicção a reforma, defende sem convicção boa parte dessas pautas, mas o que ele tem compromisso mesmo é com a flexibilização do porte de armas, uma agenda conservadora de costumes", pontuou.
Para Capiberibe, a soma de inúmeros fatores, como a falta de base no Congresso, as brigas internas entre militares e "olavistas", os vexames internacionais e a mobilização popular contra os cortes na educação fazem com que o governo esteja "contra a parede". "Tudo isso cria um momento de dificuldade para um governo que não tem coesão, não tem base política e não tem projeto."
O deputado falou ainda sobre o projeto de decreto legislativo apresentado pelo seu partido, o PSB, para sustar o decreto baixado por Bolsonaro que, entre outras coisas, dá poderes ao general Santos Cruz, da Secretaria de Governo, para avalizar nomeações de reitores e pró-reitores em universidades federais, acabando com a autonomia universitária.
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