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Eleito presidente da República a partir de uma abordagem moralista do discurso anticorrupção, Jair Bolsonaro (PSL) dá novos sinais de descompasso entre teoria e prática ao ignorar o envolvimento de seu ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, com o esquema de candidaturas laranjas em Minas Gerais – sob investigação do Ministério Público e da Polícia Federal.
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Dessa vez, a resistência para a exoneração do segundo membro do primeiro escalão em menos de três meses de governo seria consequência de pressões do PSL, partido de Bolsonaro, que prefere iniciar um processo de fritura do ministro, em fogo menos brando do que foi com o ex-secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que também se envolveu no laranjal do PSL.
Reportagem neste sábado no jornal O Estado de S.Paulo, afirma que a legenda teria bancado sua nomeação, mesmo com a desaprovação de Marcelo Antônio pela ala militar próxima ao presidente, já ciente das dores de cabeça que o titular do Turismo poderia causar.
Interlocutores do governo confirmam o desgaste e o constrangimento. Apesar disso, nesta sexta-feira (8), Bolsonaro preferiu se isentar, ao dizer que as investigações precisam continuar ao ser questionados por jornalistas sobre o caso.
Ficam no ar as dúvidas sobre as motivações que levam Bolsonaro e o PSL a sustentar no cargo um ministro de inexpressiva musculatura política, que figura no centro das denúncias que envolvem o lançamento de candidaturas fake de mulheres com o único propósito de cumprimento da norma legal que exige a reserva de 30% das vagas nas chapas proporcionais.
A partir de 2018, o percentual também passou a ser exigido para a distribuição de recursos de financiamento de campanha. Diante disso, as candidatas laranjas teriam que devolver o dinheiro recebido da direção partidária. Marcelo Antônio nega que ele ou assessores tenham requisitado as devoluções.
Recuos
Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro relativiza denúncias ou mesmo casos comprovados de envolvimento de ministros com corrupção.
Após ter sido eleito, ele afirmou, em novembro do ano passado, que membros da equipe seriam demitidos apenas se virassem réus, ou seja, fossem formalmente acusados. Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, admitiu ter recebido recursos de Caixa 2.
Já no segundo mês de governo, Bolsonaro titubeou para demitir o então ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebiano – também supostamente envolvido no caso das candidaturas laranjas –, diante de ameaças públicas do ex-aliado.
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