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"Os únicos beneficiados com essa reforma da Previdência serão os bancos, que vão receber as contribuições do regime de capitalização." A defesa foi feita ao blog nesta terça-feira (26) pela analista da dívida pública Maria Lúcia Fattorelli. Para ela a política monetária do Banco Central é que tem levado o país para o imobilismo. A especialista critica a crise econômica fabricada por setores da economia e afirma que grande parte desses problemas é para justificar a entrega de empresas estratégicas do país à iniciativa privada.
Segundo ela, a política monetária do Banco Central é que tem levado o país para o imobilismo. “Hoje nós temos quase R$ 1,3 trilhão no caixa do Tesouro Nacional, no caixa único decorrente de emissão exagerada de títulos, o que gera despesa de juros, e também decorrente de excesso de arrecadação, que o dinheiro não pode ser gasto por causa da PEC do Teto”, disse, referindo-se à Emenda Constitucional 95, de teto dos gastos públicos.
Maria Lúcia sustenta que não existe crise financeira no país. Para ela a dificuldade que o país enfrenta, como falta de emprego e aumento da miséria, são resultados da política monetária do BC. “Não tem razão teórica, econômica, histórica para essa crise”, afirmou a economista da Auditoria Cidadã da Dívida.
Blog do George Marques - Essa reforma se sustenta?
Maria Lucia Fatorelli - O que está em jogo é a destruição da Seguridade Social, afetando a vida de todos os brasileiros, até quem não precisa da Previdência. Então essa reforma não se sustenta porque os únicos beneficiados com ela serão os bancos, que vão receber as contribuições do regime de capitalização. E receberão durante décadas, vão cobrar as taxas de administração que quiserem independentemente da aplicação der certo ou errado.
Haverá garantias para trabalhadores?
Os trabalhadores não terão garantia nenhuma de que haverá algum benefício futuro. Tem um estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que em 30 países que esse tipo de capitalização foi implementado 18 já se arrependeram e voltaram atrás, porque foi uma coisa que deu errado para as contas públicas, para as pessoas e só foi boa para o setor financeiro.
Tem acompanhado as propagandas sobre essa reforma?
A pressa que o mercado está impondo e o Governo está se submetendo, é para não dar tempo do debate acontecer. Está havendo uma propaganda terrorista na mídia, que se não fizer a reforma o Brasil quebra e não vai ter dinheiro nem para pagar salário, isso é terrorismo, mentira. É o contrário, essa reforma vai tirar dinheiro das pessoas, será danosa para a economia e para os cofres públicos.
O desgaste desse governo tá enorme e o mercado financeiro está vendo que o povo não está idiota como eles pensam não. Eles estão começando a analisar, que esse discurso de esquerda, comunista não cola. O que está em debate é o tema da previdência social, que vai muito alem da aposentadoria.
O que gerou a atual crise econômica?
O Brasil tem muito dinheiro, essa crise foi fabricada pela política monetária suicida junto com os mecanismos todo que entesourou R$ 4 trilhões na conta única do Tesouro, no Banco Central renumerando as sombras de caixa dos bancos. Até o FMI já disse que o volume de reserva do Brasil é grande demais.
Como superar a atual crise fabricada?
A economia foi secada, e essa secura impõe e empurra a taxa de juros de mercado para mais de 200% ao ano. Empresas e a indústria não conseguem sobreviver com essa taxa. E sem capital de giro, empresas quebraram, jogaram pessoas no desemprego e informalidade. Então quem tá na informalidade, quem tá desempregado nenhum desses contribui para a Previdência.
Desde a Constituição de 88 até 2015 a arrecadação de contribuições superou em bilhões a necessidade de recursos para pegar a Previdência. E o primeiro ano que não deu certo foi em 2016 por causa da crise fabricada. Não foi por causa do aumento de benefícios, o que houve foi uma queda da arrecadação por causa do desemprego, informalidade, redução salarial. E empresas que quebraram deixaram de contribuir.