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Em negociação há mais de 25 anos, não foi por acaso que o tratado para cessão do uso da base de Alcântara, no Maranhão, aos Estados Unidos não foi assinado por nenhum dos governos anteriores ao de Jair Bolsonaro (PSL), que nesta segunda-feira (18), em solo estadunidense, assinou um acordo de salvaguardas tecnológicas (AST), que permite que o local seja usado para o lançamento de foguetes tanto pelos projetos dos EUA, quanto por particulares.
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Há 8 anos, o vazamento de informações de circulação restrita ao governo dos EUA mostrou que o governo estadunidense não apoia o desenvolvimento de um programa brasileiro de desenvolvimento e lançamento de foguetes.
A restrição dos EUA está registrada claramente em telegrama que o Departamento de Estado enviou à embaixada americana em Brasília, em janeiro de 2009 - revelado em 2011.
O documento contém resposta a um apelo feito pela embaixada da Ucrânia, no Brasil, para que os EUA reconsiderassem a sua negativa de apoiar a parceria Ucrânia-Brasil, para atividades na Base de Alcântara no Maranhão, e permitissem que firmas americanas de satélite pudessem usar aquela plataforma de lançamentos.
Além de ressaltar que o custo seria 30% mais barato, devido à localização geográfica de Alcântara, os ucranianos apresentaram uma justificativa política: "O seu principal argumento era o de que se os EUA não derem tal passo, os russos preencheriam o vácuo e se tornariam os parceiros principais do Brasil em cooperação espacial" - ressalta o telegrama que a embaixada enviara a Washington.
A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que "embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil".
Mais adiante, um alerta: "Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil".
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