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Por Maíra Streit, de Lisboa
O ex-deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, participou na tarde desta quarta-feira (27) de uma conferência na Casa do Alentejo, em Lisboa, sobre os motivos que o fizeram deixar o Brasil. Há cerca de um mês, ele anunciou que moraria no exterior, abrindo mão de seu terceiro mandato na Câmara devido a ameaças de morte que se agravaram com o assassinato da vereadora Marielle Franco.
O político fez uma retrospectiva da perseguição sofrida desde sua posse no Parlamento. Segundo ele, denúncias graves feitas à Polícia Federal nunca surtiram efeito e os ataques se intensificaram quando passou a defender a ex-presidenta Dilma Rousseff durante o processo de impeachment.
“A minha resiliência ia aumentando o nível das ameaças. Minha mãe, que é uma mulher simples, meus irmãos, que são pessoas honestas e trabalhadoras, passaram a ser vítimas. Vi que havia uma possibilidade concreta de fazerem algo comigo e com eles”, afirmou.
Wyllys frisou que já não havia qualquer liberdade na rotina que levava no Brasil. “Passei a me restringir ao espaço da minha casa, ao cárcere privado. Isso foi me adoecendo. Comecei a somatizar as ameaças. Tive certeza de que morreria. Se não fosse assassinado, morreria doente”, disse. “Espero um dia poder voltar para o meu ninho”, encerrou emocionado.
O bate-papo contou ainda com a participação do sociólogo Boaventura de Sousa Santos e da presidenta da Fundação José Saramago, Pilar del Rio. Ontem, o político fez uma fala na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. O evento tinha como tema "Discursos de ódio e fake news da extrema direita e seus impactos nos modos de vida de minorias sexuais, étnicas e religiosas - o caso do Brasil".
Durante o debate, dois homens foram imobilizados e expulsos do auditório por arremessarem ovos contra o político. Hoje, o ex-deputado abriu sua participação com um omelete em mãos, ironizando o fato do dia anterior. Um manifestante, com camisa estampada com a figura de Jair Bolsonaro, também precisou ser retirado em Lisboa.