Marcelo Odebrecht: “Nunca houve corrupção no BNDES”

Em nova entrevista, executivo também aponta raízes de condutas ilegais da empresa.

Foto: Agência Brasil
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Cumprindo pena domiciliar e em meio a uma disputa sobre os rumos da empresa de sua família, Marcelo Odebrecht concedeu uma nova entrevista apresentando suas versões para fatos ainda sob apuração. Uma das principais falas do executivo que assinou acordo de cooperação com a Justiça contestou a ideia, em voga no Congresso, de que havia no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) um esquema generalizado de propinas. “Que eu tenha conhecimento, nunca houve esquema de corrupção no BNDES. Apenas no contexto de uma negociação bilateral para ampliar uma linha de crédito entre o governo de Lula e de outro país, negociação da qual a Odebrecht nem era parte, houve um pedido de apoio financeiro ao PT, e que é objeto de uma ação penal em andamento”, disse Odebrecht ao Globo. O executivo se refere a empréstimos feitos pelo banco de investimentos após a redução da avaliação de risco do país africano. A questão ainda está em fase de investigações. Marcelo Odebrecht também rejeitou a ideia de que a política de campeões nacionais promovida pelo PT tenha favorecido intencionalmente determinadas empresas próximas aos governos do partido: “Não havia uma preferência nem de Lula, nem de Dilma para fazer tal empresa crescer. O que havia eram políticas públicas influenciadas e disputadas por vários setores e empresas. A Odebrecht já era, desde a década de 1990, a maior exportadora de serviços do Brasil. […] Nós, pela nossa presença internacional, fomos os maiores beneficiários”. De outro lado, o herdeiro da companhia reconheceu que a Odebrecht tem um histórico de décadas na prática de desvios, negando que houvesse um setor instucionalizado na empresa para tal fim. “Desde os anos 1980, bem antes de meu ingresso na empresa como estagiário, havia pessoas na Odebrecht que apoiavam os executivos na realização de pagamentos não contabilizados”, relatou na entrevista, na qual ainda defendeu que o modelo era corriqueiro em companhias que firmavam contratos públicos. Segundo o empresário, a Lava Jato foi o “gatilho” da derrocada da empresa, que também teria sido prejudicada por “manipulações internas”.