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Em depoimento à Justiça, o delegado Giniton Lages, que foi afastado das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes em março, após a prisão de Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, afirmou que um erro dos policiais na análise de imagens sobre o trajeto do carro dos acusados adiou por 7 meses a inclusão do condomínio Vivendas da Barra, onde mora o presidente Jair Bolsonaro, no caso.
"[A rota que os criminosos percorreram antes do Itanhangá] Era uma incógnita até setembro, outubro de 2018. Até que entra uma informação que resolvia a equação. O carro saiu do quebra-mar", disse, segundo informações da Folha de S.Paulo, antes de ressaltar o grande erro cometido pelos investigadores.
"A equipe cometeu o maior pecado de uma investigação, que foi chegar até o quebra-mar e não seguir para trás. Acreditou demais em sua própria ‘expertise’. Quando levaram a imagem para análise, tinham que ter a certeza que o carro não passou. Eles não perceberam um defeito de Codec [programas utilizados para codificar e decodificar arquivos de mídia] naquela imagem", afirmou.
Lages disse ainda que os policiais não são especialistas no assunto e, por esse motivo, não detectaram o carro nas imagens.
Tinham que pedir a um especialista para olhar com outros olhos. [O especialista] Teria visto o carro em março [de 2018]. E aí toda a energia iria para a praia. E muito provavelmente pegaríamos eles entrando no carro, o carro parado há mais tempo. Teríamos outras informações que não temos hoje".
De acordo com o Ministério Público, Élcio entrou às 17h07 no condomínio, na orla. A câmera no quebra-mar identificou a passagem do Cobalt às 17h24. O trajeto entre o Vivendas da Barra e o ponto da primeira visualização do veículo é de cerca de sete minutos.
O delegado deixou claro que o objetivo da busca era descobrir se o veículo usado no crime saiu diretamente do condomínio de Lessa ou se eles embarcaram nele em outro local.