Vaza Jato mostrou que Gebran Neto teve "encontros fortuitos" com Dallagnol

Mensagens divulgadas em julho confirmam que o desembargador do TRF4 colaborou com o procurador na condenação de réu da Lava Jato

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Em julho deste ano, Intercept Brasil e Veja denunciaram, por meio de uma série de reportagens que ficou conhecida como "Vaza Jato", que o relator dos casos da operação no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o desembargador João Pedro Gebran Neto, teve diversos diálogos impróprios com procuradores do Ministério Público Federal (MPF). Em uma das conversas, o chefe da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, cita "encontros fortuitos" com Gebran para negociar a condenação de réus. “Falei com ele umas duas vezes, em encontros fortuitos, e ele mostrou preocupação em relação à prova de autoria sobre Assad…”, disse Dallagnol ao procurador Carlos Augusto da Silva Cazarré, da força-tarefa da Procuradoria Regional da República da 4ª Região, que atua junto ao TRF4. Na conversa, Dallagnol cita Adir Assad, um dos operadores de propinas da Petrobras e de governos estaduais. Assad foi condenado pelo então juiz Sergio Moro a nove anos e dez meses de prisão. Dalla­gnol termina o diálogo pedindo ao colega que não comente com Gebran o episódio do encontro fortuito “para evitar ruído”. De acordo com ele, em tais "encontros", o desembargador teria demonstrado dúvidas com relação a prova de contra Assad e ameaçou absolvê-lo, o que preocupou a força-tarefa da Lava Jato. Apesar de todos os indícios presentes nas mensagens da Vaza Jato, nesta quarta-feira (27), conforme previsto, Gebran negou que Moro tenha agido com parcialidade e de forma política na condução do processo contra o ex-presidente Lula no caso do Sítio de Atibaia. O magistrado também negou que o fato da juíza Gabriela Hardt ter copiado e colado parte da decisão de Moro sobre o Triplex do Guarujá na sentença em que condenou Lula no caso do Sítio de Atibaia tenha sido irregular.