Lava Jato sabia desde 2016 de acusação que levou ex-presidente da Braskem à prisão nos EUA por caixa 2

A acusação contra Grubisich está no acordo de leniência da Braskem firmado em 2016 com o MPF. Reconhecimento da informação poderia mudar a ação contra Odebrecht

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O Ministério Público Federal (MPF) ignorou uma delação feita em 2016 contra o ex-presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, acusado de fazer caixa dois na empresa. No entanto, ele foi preso na semana passada, em Nova York, pelo mesmo motivo. A acusação contra Grubisich está no acordo de leniência da Braskem - empresa que a Odebrecht mantém em sociedade com a Petrobras - firmado em dezembro de 2016 com o MPF. Nos Estados Unidos, o executivo foi denunciado pelo DoJ (Departamento de Justiça americano, na sigla em inglês) em fevereiro deste ano, mas teve sua prisão decretada apenas na última quarta-feira (20) ao entrar no país. De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, uma denúncia dessa natureza poderia levar a questionamentos sobre a ação penal que condenou Marcelo Odebrecht em 2016, acusado pela Lava Jato de negociar propinas da Braskem com a Petrobras em troca de contratos. Acatar a denúncia contra Grubisich também poderia colocar em xeque parte dos argumentos usados para a condenação do empresário e embasar questionamentos sobre a permanência de seu caso sob o escopo da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), apenas denúncias ligadas à Petrobras poderiam ficar com a Lava Jato de Curitiba. Em resposta, a força-tarefa alega que o volume de informações obtido com os acordos de leniência é muito grande e que cada investigação tem um ritmo.