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Conciliação e maior entendimento do cenário político. É isso o que defende o senador Paulo Paim (PT-SP). Para ele, tanto em 2014, com Eduardo Campos (PSB), como em 2018, com Ciro Gomes (PDT), o seu partido teria que ter levado em consideração abrir mão do protagonismo em detrimento de outro nomes.
Em entrevista ao site Congresso em Foco, Paim fez uma análise da situação política do país e do que poderia ser o Brasil caso Bolsonaro não estivesse no poder.
Já há quem fale em um possível impeachment do presidente Bolsonaro...
Eu tenho muito cuidado com essa história de impeachment. Todo processo de impeachment é muito traumático. É ruim para o país, ruim para a democracia, não respeitar o resultado das urnas. Eu acho que não é hora de se falar em impeachment. Nós temos que fortalecer o processo democrático. Porque ao mesmo tempo que uns falam de impeachment, há outros que defendem a volta do estado de exceção. Eu percebo, sim, a nossa democracia fragilizada. A democracia é tão sagrada para mim que, neste momento, acho que temos que estar todos unidos numa frente ampla em defesa dela. Acima de qualquer outra grande bandeira. Quando a gente vê fases como “com a democracia não vamos a lugar nenhum ”, isso me deixa muito indignado. Nenhum homem público pode dizer que com a democracia não se vai a lugar nenhum. Foi a democracia que o levou àquele ponto onde ele chegou. Temos que acariciar a democracia com se fosse a coisa, a questão mais importante do nosso país. A democracia está em risco e nós temos a obrigação de lutar por ela em nome de todo o povo brasileiro. E não cada um querer cuidar somente do seu ou de alguém que vote nele.
O PT teria alguma parcela de culpa nesse estado de coisas? O partido precisa fazer alguma autocrítica?
Eu acho que autocrítica ninguém tem que ter vergonha de fazer. O PT cumpriu um papel importante na história do país. Desde o início no combate à ditadura até sua chegada ao poder. Mas acho que o PT deveria ter feito, no meu entendimento, uma política muito mais abrangente, naquilo que eu chamo numa visão de frente ampla, pelo Brasil e pelos conceitos que norteiam uma proposta de Nação comprometida com a nossa gente. Não dá para se achar que só é bom uma composição ampla quando se é candidato a presidente. Os dois mandatos do presidente Lula foram coisas que marcaram o pais perante o mundo. A gente se recorda de cenas como Barack Obama dizendo que Lula era “o cara”. Isso marcou e para nós é motivo de orgulho. Houve um segundo momento que foi a eleição da presidenta Dilma. Mas houve um terceiro momento em que nós devíamos ter avaliado que era necessário ampliar mais. Nós tínhamos Eduardo Campos. Era um nome a ser lembrado nessa composição mais ampla. Da mesma forma, Ciro Gomes. Ciro tinha que ser lembrado naquele momento da história.
O PT deveria ter apoiado Ciro em 2018?
Poderia ter sido. Quando digo que poderia ter sido, quero dizer que talvez fosse melhor para todos. Não estaríamos na situação em que nos encontramos. Digo mais: Lula está preso e hoje é consenso que foi uma prisão mais política que qualquer outra coisa. É claro que o Fernando Haddad (candidato do PT em 2018) foi um herói, um lutador. Mas se o Ciro tivesse sido eleito, as possibilidades da liberdade do Lula para ajudar o Brasil seriam outras. Então, acho que nós cometemos alguns erros. Não dá para pensar em frente ampla somente se eu for o candidato máximo no processo eleitoral. Se nós tivéssemos olhado mais com essa visão, acho que estaríamos em outro momento, bem melhor para toda a nossa gente.