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O ex-ministro da secretaria-geral da Presidência no governo Dilma e ex-chefe de gabinete do ex-presidente Lula, Gilberto Carvalho, concedeu entrevista nesta sexta-feira (25) à Fórum para comentar a capa da Veja deste final de semana, que "ressuscitou" o empresário Marcos Valério para, com base em depoimentos sem qualquer tipo de comprovação, associar o ex-presidente Lula ao assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, em janeiro de 2002.
A reportagem repercute depoimentos antigos de Valério, apontado como um dos principais operadores de propina do país, e que cumpre pena desde 2013, dando conta de que Gilberto Carvalho teria o convocado no Palácio do Planalto para que ele "resolvesse" uma situação que envolveria Ronan Maria Pinto, empresário de Santo André que foi condenado por Sérgio Moro por crime de corrupção e está preso. De acordo com a reportagem, Ronan estaria chantageando Lula e a cúpula petista, sob a ameaça de envolvê-la no assassinato de Celso Daniel. Valerio, então, seria aquele designado por Lula para calar Ronan com dinheiro.
Na entrevista, Gilberto Carvalho ressaltou que ao longo dos anos a narrativa de que o PT encomendou a morte do ex-prefeito de Santo André sempre volta à tona, mesmo diante do fato de que o inquérito já foi concluído há anos e que não há qualquer evidência da participação do PT ou de Lula no crime. Pelo contrário.
"Cada vez que esse caso vem à tona não causa medo ou pavor, causa tristeza. Porque perdemos naquela ocasião um grande quadro, aquele que coordenava já o plano de governo do então candidato Lula e que seria nosso ministro do Planejamento. Celso Daniel tinha uma incrível capacidade de gestor, como uma capacidade intelectual, de criar alternativas. Aquele episodio lamentável foi investigado pela Polícia Federal e pela Polícia Civil de São Paulo, ambas dirigidas à época pelo PSDB. Houve um segundo inquérito na época que confirmou a mesma tese. Só que o Ministério Público tomou a versão de que havia algum mandante político e dirigiram contra o PT uma série de acusações nunca comprovadas", disse o ex-ministro.
Para Gilberto Carvalho, o "ativismo" do Ministério Público, observado mais recentemente na operação Lava Jato, começou neste caso. "Ali foi a primeira vez que se usou esses instrumentos: a forçação de acusações sem base e as delações".
"Como o Lula, que convidava o Celso pra ser seu coordenador do programa de governo, queria matá-lo?", questionou Carvalho.
O ex-ministro ressaltou ainda que jamais conheceu Marcos Valério pessoalmente, e que o empresário está desesperado para abrandar sua pena. "Nunca vi esse cidadão, nunca subiu no terceiro andar do Palácio, e ele vai ter que pagar por esse crime de calúnia. Vamos pra cima dele. Quando você não tem nada na vida além de sua dignidade, você não se cala. E ele vai pagar", declarou, anunciando que processará tanto o empresário quanto a revista Veja, por conta da matéria.
Sobre o porquê a revista Veja teria decidido, neste momento, direcionar mais um ataque contra Lula, Carvalho foi categórico. "Os fatos estão mostrando como todo esse castelo que se construiu para criminalizar o presidente Lula está caindo. A opinião pública está tomando ciência da barbaridade, de tudo o que eles arquitetaram para tirar Lula do jogo eleitoral do ano passado, todas as mentiras, os ataques ao próprio Supremo, tudo isso está caindo por terra. E vem justamente nesse momento, em que ontem a Rosa Weber deu um voto importantíssimo que nos aproxima muito da liberdade do ex-presidente Lula. Tenho consciência de que sou um instrumento utilizado nesse grande jogo. Não passarão. A verdade se impõe", pontuou.
Assista, abaixo, a íntegra da entrevista.
https://youtu.be/ZvWnXc1Zokc