ONU exige que Bolsonaro se explique sobre o desaparecimento de Fernando Santa Cruz

Presidente afirmou que sabe sobre o desaparecimento do pai do presidente da OAB, vítima do aparelho repressor do Estado na ditadura militar

Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução/Youtube
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A Organização das Nações Unidas (ONU) quer explicações do presidente do Brasil no caso do desaparecimento de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. O alerta da entidade foi feito por meio de carta enviada a Jair Bolsonaro em agosto deste ano. O conteúdo do documento veio à tona nesta segunda-feira (14) através de reportagem do jornalista Jamil Chade. Naquele mês, como forma de insultar o chefe da OAB, Bolsonaro afirmou que o líder estudantil desaparecido na época da ditadura militar havia sido morto pelos seus próprios companheiros. “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. Conto pra ele. Não é minha versão. É que a minha vivência me fez chegar nas conclusões naquele momento. O pai dele integrou a Ação Popular, o grupo mais sanguinário e violento da guerrilha lá de Pernambuco e veio desaparecer no Rio de Janeiro”, afirmou Bolsonaro à época. A Comissão da Verdade investigou e verificou que Fernando Santa Cruz foi capturado, torturado e morto pelo regime militar. Seu corpo foi incinerado em uma fábrica de açúcar no Rio de Janeiro, como confirmou um delegado da época. A versão dada por Bolsonaro está sendo questionada pela ONU. Segundo o órgão, pessoas que saibam ou atrapalhem as investigações ou retenham tais informações podem ser responsabilizadas pela continuação de um desaparecimento forçado. “Gostaríamos de lembrar que o desaparecimento forçado é um crime complexo que não só afeta a pessoa que desapareceu, mas também inflige sofrimento à família da vítima. O direito internacional deixa claro que a contínua privação da verdade sobre o destino de uma pessoa desaparecida constitui um crime cruel, desumano e degradante”, diz a carta da ONU endereçada ao presidente brasileiro.