Escrito en
POLÍTICA
el
Reportagem publicada na Crusoé nesta sexta-feira (11), de autoria do jornalista Felipe Moura Brasil, revelou que o assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Filipe Martins, atuou estrategicamente junto aos membros da milícia virtual bolsonarista, em articulação realizada através de grupos no WhatsApp. Ele e os demais membros da milícia - empresários, blogueiros e funcionários públicos - atuaram em conjunto e de maneira organizada para derrubar funcionários, como foi o caso do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e apoiar aliados.
Santos Cruz era ministro da Secretaria do Governo e chamou atenção de Martins após dar entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo afirmando que o gasto com publicidade do governo não é passível de pressões. Santos Cruz defendia moderação no uso de redes sociais para que a ferramenta não "vire uma arma na mão de radicais".
O assessor então criticou a postura do militar aos militantes bolsonaristas, depositando no ministro a culpa pela comunicação do governo não "deslanchar". O principal responsável pelo site bolsonarista Crítica Nacional, Otávio Oscar Fakhoury, acatou com as reclamações e condenou as posições do militar em seu site. "Santos Cruz hje levou uma paulada nossa lah do CN [Crítica Nacional]", disse no grupo.
O WhatsApp era uma importante ferramenta desses grupos para planejar ataques coordenados a pessoas consideradas obstáculos e para apoiar os aliados. Uma das pessoas que se beneficiaram com as mobilizações foi a ex-secretária do PSL paulista, próxima a Eduardo Bolsonaro, Letícia Catelani. Ela foi demitida após uma crise na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Fakhoury então passou a pedir para que os militantes apoiassem Letícia. "Aliás, falando em Letícia, precisamos ajudar ela que esta sendo bem atacada lah na Apex", disse. Em outro dia, pediu divulgação de um texto da Crítica Nacional que defendia a ex-secretária do PSL. "dê RT [retuíte] no texto do Paulo Enéas que fala da grande competência da Letícia", disse.
Reunião secreta
O assessor do presidente era muito próximo de Fakhoury e, segundo a reportagem, eles se conheciam há anos. Para explicitar esse apoio mútuo, o texto revelou também o bastidor de uma reunião dos representantes dos principais movimentos e milícias virtuais pró-bolsonaro em São Paulo, em 6 de abril. Martins e Fakhoury participaram do evento, mas antes o blogueiro ressaltou no grupo o caráter secreto da reunião. "Sábado é para planejamento de guerra. Não é para ser divulgado", afirmou.
"Esse hotel vai parecer uma Central de Conspiração, porque vão ter os líderes de todos os movimentos de direita do Brasil hospedados lá no mesmo fim de semana. Então é uma conspiração só esse hotel. Tem que ser muito secreta essa reunião, nenhuma imprensa pode saber", conta.
Assim como Fakhoury, Martins também prezava pela discrição. "Vou sim, mas vou em segredo. Ninguém pode saber", confidenciou a uma pessoa próxima, à qual afirmou também que a reunião tinha a intenção de promover um maior entrosamento entre os movimentos.