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A Companhia Vale do Rio Doce, estatal fundada por Getúlio Vargas, era, nos anos 1990, um conjunto de 27 empresas, cujas atividades iam da prospecção do subsolo, extração e processamento de minérios, transporte ferroviário, até sofisticadas atividades de química fina. Além disso, a Companhia era caracterizada por inúmeros projetos culturais, sociais e comunitários em todo o Brasil. Entre 1942 e 1997 - período em que pertenceu ao Estado brasileiro - nunca houve desastre ambiental que chegasse perto dos de Mariana e Brumadinho.
Privatizada sob o argumento de ser ineficiente, a Vale - nome insosso e que não diz nada - foi reduzida a uma mineradora. Extrai ferro e outros metais e os vende em estado bruto principalmente para a China. A Vale foi literalmente desindustrializada e transformada em agente de economia de enclave. Ou seja, especializada em atividade extrativista, com poucas atividades que desenvolvam o seu entorno. Tem baixo efeito multiplicador em termos de emprego e de dinamismo econômico. A companhia hoje é especialista em cavar buraco.
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A Vale só pode deixar de ser uma empresa marcada por agregar pouco valor aos seus produtos e danosa ao meio ambiente se for estatal e se estiver articulada a um projeto de desenvolvimento. Na atividade privada ela pode, no máximo, ser melhor fiscalizada. Mas seu potencial de gerar emprego e uma cadeia produtiva com sinergias em áreas afins seguirá sendo baixo. Ela se subordina à demanda externa por minérios e ponto.
A privatização da Vale por FHC foi um atentado à economia nacional. O fato de governos seguintes jamais terem questionado sua venda - cercada de denúncias de ilegalidades - mostra como desenvolvimento, papel do Estado e soberania são temas difíceis de ganharem prioridade na agenda nacional.
Ah, a Vale, nessas duas últimas décadas, financiou centenas de campanhas de candidatos a todo tipo de cargo eletivo. É também algo próprio da iniciativa privada.
É possível que isso explique muita coisa sobre a atual relação da empresa com o Estado.
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