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Valeu a pena para Rodrigo da Silva Pimenta ter cometido fraude em contratos de fornecimento de suco de laranja para escolas estaduais em 2013 quando era diretor do Departamento de Alimentação e Assistência ao Aluno. Logo em seu primeiro mês de mandato, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), promoveu o servidor e triplicou seu salário. Ele agora será chefe de gabinete da Fundação para o Desenvolvimento da Educação.
Como chefe de gabinete, Pimenta será o responsável por todas as licitações e fornecedores das escolas públicas estaduais e cuidará de contratos como, por exemplo, de compra de merenda escolar. E disso ele entende.
O servidor teve envolvimento direto na chamada "máfia da merenda", nome como ficou conhecido o esquema de corrupção no governo Alckmin que consistia no desvio de milhões em recursos para a merenda escolar e pagamento de propina a agentes do governo. O próprio Pimenta, em 2016, durante a CPI da Merenda na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), admitiu que cometeu irregularidades ligadas ao caso.
"Deputada, respondendo diretamente à senhora isso é um ato irregular, não deveria ter feito. É um ato irregular. Cometi um ato irregular", disse à deputada Beth Sahão (PT), ao que foi respondido pela parlamentar. "Não, é fraude. Me desculpe. Isso é fraude. A fraude não mudou de nome. É um processo irregular, o senhor me perdoe".
Até mesmo deputados tucanos, à época, o questionaram e incluíram seu nome em uma lista da CPI que apontava os servidores ligados à fraude. O servidor, à nível de contextualização, é filiado ao PSDB.
E não é só Pimenta que veio da máfia da merenda direto para o governo Doria. Apontado como um dos principais beneficiados pelo esquema de desvio de recursos da merenda, o deputado estadual Fernando Capez (PSDB) também ganhou cargo no novo governo tucano: ele será diretor do Procon.
Máfia da Merenda
Mobilizada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo, a Operação Alba Branca, para apurar desvios e fraudes na compra de suco para a merenda escolar em São Paulo, veio a público em 19 de janeiro de 2016, quando membros da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar), de onde partiu a investigação, acusaram políticos de receber propina para liberar contratos com o governo e municípios.
Detidos, os então integrantes da Coaf disseram em depoimento que, nos contratos relativos ao Estado (de R$ 11,4 milhões), a propina foi negociada com ex-assessores do gabinete de Capez (PSDB). À epoca, todos negaram participação em crimes.
Ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Capez foi um dos investigados na chamada Máfia da Merenda e denunciado pelo Ministério Público estadual por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O dinheiro desviado do Estado – cerca R$ 1 milhão, equivalente a 10% dos contratos – teria sido usado no pagamento de despesas da campanha de 2014 do tucano, inclusive dívidas que ficaram pendentes até 2015, segundo o MP.
O processo, no entanto, foi trancado pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e a investigação suspensa depois que a defesa do deputado alegou coleta ilícita de provas.