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Neste domingo (5), Jair Bolsonaro (PSL) convidou o general do Exército Antonio Hamilton Mourão para compor sua chapa à presidência. Ambos os militares são grandes admiradores do coronel Carlos Brilhante Ustra (1932-2015), ex-chefe do DOI-CODI do II Exército, um dos órgãos atuantes na repressão política, durante o período da ditadura militar no Brasil.
Bolsonaro, no programa da Roda Viva, da TV Cultura, chegou a citar o livro A verdade sufocada - a história que a esquerda não quer que o Brasil conheça, escrito por Ustra, como o seu livro de cabeceira. Em 17 de abril 2016, o deputado federal homenageou o coronel Ustra em seu voto a favor do golpe da presidenta Dilma Rousseff.
“Eu fui espancada por ele [Coronel Ustra] ainda no pátio do Doi-Codi. Ele me deu um safanão com as costas da mão, me jogando no chão, e gritando ‘sua terrorista’. E gritou de uma forma a chamar todos os demais agentes, também torturadores, a me agarrarem e me arrastarem para uma sala de tortura.” Assim descreveu Amelinha Teles, ex-militante do PcdoB, seu encontro com Ustra.
"Tiraram a minha roupa e me obrigaram a subir em duas latas. Conectaram fios ao meu corpo e me jogaram água com sal. Enquanto me dava choques, Ustra me batia com um cipó e gritava me pedindo informações", relembrou Gilberto Natalini, hoje médico, na época, com 19 anos.
Em 2012, ele foi condenado pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização de R$ 100 mil à família do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto sob tortura em 19 de julho de 1971 nas dependências do DOI-Codi.
Em seu discurso de despedida do Exército, general Mourão chamou de "herói" o coronel Ustra. Indagado por que, ele respondeu: "combateu o terrorismo e a guerrilha, por isso ele é um herói”.
Com Mourão, a candidatura de Bolsonaro reforça cada vez mais a que veio, para negar qualquer avanço democrático.