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Em entrevista concedida ao jornal El País e divulgada nesta quinta-feira (30), a escritora francesa Hélène Bruller falou sobre o fato de Jair Bolsonaro (PSL) estar usando seu livro sobre sexualidade para se promover e divulgar fake news. Na última terça-feira (28), em entrevista ao 'Jornal Nacional', o capitão da reserva tentou mostrar o livro "Aparelho Sexual e Cia", de Bruller, para dizer que a obra fazia parte do que ele chama de "kit gay" - nome pejorativo para o programa Escola Sem Homofobia.
Acontece que o programa nunca chegou a ser implementado e o livro - publicado pelo selo adolescente da editora Companhia das Letras no Brasil - sequer fazia parte do material do projeto - a contrario do que sustenta Bolsonaro. Segundo o deputado federal, o livro teria sido, inclusive, distribuído em escolas públicas, informação que já foi desmentida há mais de dois anos pelo Ministério da Educação.
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Ao El País, Bruller afirmou que soube recentemente que um candidato no Brasil vem citando, de forma negativa, seu livro, mas levou para o lado positivo. Para a escritora, as citações de Bolsonaro podem fazer com que aumentem as vendas da obra.
"O senhor Bolsonaro sabe muito bem que, ao dizer coisas ruins sobre o meu livro, ele aumenta consideravelmente as vendas. Então eu me pergunto: será que o senhor Bolsonaro quer divulgar o meu livro? Inconscientemente, eu até acho que sim. Eu acho que lá no fundo do Bolsonaro existe um pequeno garoto, o petit Jair, que teria adorado que, na sua infância, lhe tivessem dado de presente um exemplar do Aparelho Sexual e Cia ao invés de ficarem, com caras transtornadas, berrando e dizendo para ele: 'Petit Jair, você vai para o inferno se se masturbar'", disse.
Em outro momento da entrevista, no entanto, a escritora subiu o tom. "Há, no entanto, algumas particularidades muito claras da personalidade do senhor Bolsonaro: ele denigre o meu trabalho, então é uma pessoa sem qualquer respeito; e se sente no direito de usar o meu livro para sua autopromoção sem me consultar antes, então é uma pessoa desonesta. Não são as características que esperamos de um suposto representante da moralidade", disparou.
Confira a íntegra da entrevista no El País.