O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reuniram nesta terça-feira (21) para a oitava rodada de negociação. A proposta anunciada pelos bancos foi de apenas 0,5% de aumento real, em um acordo de dois anos, o que foi rechaçado pelos representantes dos trabalhadores. Afinal, o lucro líquido dos cinco maiores bancos no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), nos seis primeiros meses do ano, atingiu a marca de R$ 41,9 bilhões no primeiro semestre, com alta de 17,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, a Fenaban fez outra proposta, que não agradou em nada, por ser altamente discriminatória em relação às mulheres funcionárias de bancos: a redução do pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) a quem estiver de licença maternidade, o que prejudica as mulheres que recebem atualmente de forma integral.
“O setor mais lucrativo da economia brasileira não pode oferecer aos seus trabalhadores 0,5% de aumento real, sem o fim das novas formas de contratação, criadas a partir da Reforma Trabalhista (autônomo, terceirizado e intermitente e contrato parcial). Outros setores da economia com lucro muito menores ou até prejuízo apresentaram ganho real maior nesse primeiro semestre, quando a média dos aumentos reais na economia foi de 0,94%, o dobro do proposto pelos bancos”, protestou Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“A proposta é insuficiente, retira direitos dos bancários e traz prejuízo às mulheres, que serão prejudicadas caso saiam de licença maternidade. Queremos que a negociação continue na quinta-feira (23) para avançarmos nas reivindicações dos trabalhadores”, acrescentou.
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Na publicitária, o investimento dos cinco maiores bancos, apenas no primeiro semestre, foi de R$ 1,6 bi. Nas peças de propaganda, frequentemente, vendem a imagem de respeito às mulheres, mas na prática querem que a PLR seja proporcional aos dias trabalhados (para licenciados e durante a licença maternidade), o que prejudica a todos, principalmente as mulheres.
Salários menores
“Na categoria bancária, as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens. Os banqueiros querem penalizá-las ainda mais propondo a redução de uma conquista adquirida durante anos, após muita luta, de toda a sociedade, que é a manutenção de seus direitos durante a licença maternidade. Um absurdo e não vamos aceitar”, disse Ivone.