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POLÍTICA
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Jair Bolsonaro (PSL-RJ) oficializou, nesta terça-feira (14), sua candidatura à presidência da República e divulgou seu plano de governo. Intitulado "O caminho da prosperidade", o plano do deputado federal para o país mais parece um grupo de Whatsapp de direita em forma de documento, com ideias superficiais, sem propostas concretas para resolver os problemas do país, acusações infundadas à esquerda e ao PT, menção à "Deus" o tempo todo e teses conspiratórias que sequer são levadas a sério pela direita liberal e que só são observadas entre os apoiadores que chamam Bolsonaro de "mito", como a "doutrinação marxista", segundo o candidato, presente no Brasil, ou a influência do "Foro de São Paulo".
Com um versículo bíblico, o plano do militar da reserva começa com a proposta de um governo "decente" e com a defesa da propriedade privada. “Seu celular, seu relógio, sua poupança, sua casa, sua moto, seu carro, sua terra são os frutos de seu trabalho e de suas escolhas! São sagrados e não podem ser roubados, invadidos ou expropriados!”, diz o documento.
O plano segue fazendo uma enfática defesa da "família" e salientando que o candidato é contra "qualquer regulação ou controle social da mídia" - dizendo, em outras palavras, que manterá os monopólios e oligopólios midiáticos que sufocam a pluralidade de opiniões no Brasil.
As teorias conspiratórias típicas de grupos de Whatsapp começam a ganhar mais destaque no plano de governo de Bolsonaro quando é citado que nos últimos 30 anos o país esteve submetido ao "marxismo cultural e suas derivações como o gramcismo", que teriam, segundo o candidato, minado "os valores da Nação e da família brasileira". O documento não chega a dizer que "a nossa bandeira jamais será vermelha", como dizem alguns reacionários que remetem ao período da Guerra Fria, mas usa outras palavras: "Queremos um Brasil com todas as cores: verde, amarelo, azul e branco".
O plano de governo segue com uma narrativa falaciosa ao afirmar que o Brasil foi governado pela esquerda nos últimos 30 anos e afirma que um eventual governo de Bolsonaro "enfrentará o viés totalitário do Foro de São Paulo" que, segundo o candidato do PSL, teria "enfraquecido as instituições democráticas". Sobre o Foro de São Paulo, saiba informações mais precisas nesta matéria da Fórum.
Economia
Ao introduzir o assunto "economia" no plano de governo, Bolsonaro segue com mais imprecisões: o candidato afirma que o Brasil "nunca" adotou, em toda a sua história, os princípios liberais que, segundo ele, serão mote de sua gestão na área econômica. O militar da reserva só não citou, no entanto, que os governos de FHC nos anos 90 foram marcados pelas privatizações, uma das principais marcas do liberalismo econômico. O deputado federal, inclusive, reafirma que trabalhará com as privatizações, sem especificar, no entanto, quais empresas e nem quantas pretende privatizar.
Neste ponto, o plano de governo credita ao "legado do PT", de "ineficiência e corrupção", o fato de que há uma previsão de déficit primário de R$139 bilhões para 2019, utilizando um gráfico que mostra a evolução do déficit desde 2015. O próprio gráfico, no entanto, desmente o candidato quanto ao "legado do PT". O déficit começa a crescer, de fato, a partir de 2015, ano em que Dilma Rousseff assume seu segundo mandato e começa a ter seu governo paralisado pela oposição, que não aceitou o resultado das eleições. No ano seguinte, Dilma sofreu o impeachment que Bolsonaro apoiou e o déficit seguiu aumentando, como mostram os dados apresentados pelo próprio candidato.
A principal proposta de Bolsonaro para a área econômica, segundo seu plano de governo, é a criação do Ministério da Economia. "Para atender ao objetivo de enxugamento do Estado, mas, também, para garantir um comando uno e coeso para a área, o Ministério da Economia abarcará as funções hoje desempenhadas pelos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio bem como a Secretaria Executiva do PPI (Programa de Parcerias de Investimentos). Além disso, as instituições financeiras federais estarão subordinadas ao Ministro da Economia", diz o texto. A proposta remonta a uma medida fracassada adotada por Fernando Collor.
Segurança Pública e elogio à ditadura
Com relação à Segurança Pública, Bolsonaro propõe, em seu plano de governo, medidas que tradicionalmente constam naqueles grupos de Whatsapp de direita e que têm pouco ou quase nenhum fundamento prático: fim dos “saidões” – permissão que presos têm para deixar a cadeia em datas como o dia das mães e o dia dos pais -, redução da maioridade penal para 16 anos e, claro, a facilitação do porte de arma. Até mesmo as frases de seu plano de governo remetem à bordões da direita populista: "Prender e deixar na cadeia!".
Quanto ao porte de arma, o plano de governo de Bolsonaro cita a experiência de países com contexto social completamente diferente, como Suécia, Noruega e Finlândia.
Ainda no trecho em que fala sobre Segurança Pública, o candidato propõe criar um panteão homenageando os policiais mortos em ações na rua e faz uma homenagem às Forças Armadas do Brasil por terem impedido um "golpe comunista" com o que ele chamou de "Revolução de 1964".
Educação
Na parte de Educação, a principal proposta de Bolsonaro é, mais uma vez, uma reprodução do discurso vazio antipetista: acabar com a "sexualização e doutrinação precoce" nas escolas.
Confira a íntegra do "plano de governo de Whatsapp" aqui.