Mais da metade dos brasileiros não quer saber de Copa, diz Datafolha

Manifestoches e coxinhas, corrupção na CBF, crise econômica e política. Uma nação que está infeliz e nem ai para o futebol

Os Manifestoches. Reprodução TV Globo
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Na década de 70, parte da esquerda considerava o futebol brasileiro e, particularmente a Copa do Mundo, como pão e circo. Algo a ser denunciado e, melhor ainda, ignorado, em detrimento da ditadura, que estimulava o evento. A estratégia dos partidos clandestinos de então parece ter dado certo apenas agora, quase 50 anos depois. A pesquisa Datafolha indica que o desinteresse pelos brasileiros com a Copa disparou a apenas uma semana da estreia da nossa seleção, no próximo domingo (17), contra a Suíça, às 15h (horário de Brasília). De acordo com a pesquisa, 53% dos brasileiros afirmam não ter interesse nenhum pelo mundial, um aumento de 11% em relação a janeiro, quando o índice de desinteressados era de 42%. Mulheres são as mais desinteressadas Quando as mulheres são perguntadas, o índice aumenta ainda mais e sobre para 61%. Os outros maiores desinteressados são pessoas de 35 a 44 anos (57%), moradores da região Sul (59%) e aqueles com renda familiar de até dois salários mínimos (54%). Segundo o Datafolha, a marca de agora é a pior da série histórica às vésperas do torneio desde 1994, quando o instituto fez a pergunta pela primeira vez. O Datafolha ouviu 2.824 pessoas em 174 municípios na quinta (7) e sexta-feira (8), e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Manifestoches Por mais que se procurem razões, é certo que colaboram para este desinteresse a má fase econômica e política que o país passa, com uma grande crise de representação. Além disso, após as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff, a camisa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) passou a ser identificada, ao menos por metade do país, como símbolo dos coxinhas, da direita, sendo satirizados até em escola de samba como manifestoches. Não bastasse isto, a própria CBF, bem como a FIFA, se envolveram em casos de corrupção, inclusive com dirigentes presos.