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[caption id="attachment_133492" align="alignnone" width="1024"] Foto: Divulgação/Alesp[/caption]
Por Vitor Nuzzi, Rede Brasil Atual
Em abril de 1980, Lula e outros sindicalistas metalúrgicos do ABC foram presos e enquadrados na Lei de Segurança Nacional, um dos vários instrumentos do período de exceção, por “incitação à desobediência coletiva”. Na sexta-feira anterior ao julgamento, o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, que acabara de completar 32 anos, foi ao prédio da Auditoria Militar, no centro de São Paulo, e acabou surpreendendo um escrivão, em tempos pré-computador, já datilografando a sentença – ele adiantou, inclusive, qual seria o tempo de prisão de um deles. Diante do que consideraram uma farsa, acusados e defensores decidiram não comparecer à sessão. Greenhalgh, agora aos 70, lembra disso no momento em que novamente integra a defesa de Lula.
Se naquele tempo a condenação estava decretada mesmo antes do julgamento, agora é preciso dar dimensão política ao processo que envolve o ex-presidente, preso desde 7 de abril em Curitiba, na Superintendência da Polícia Federal. “O que eu quero é que você dê uma visão política ao meu processo. O meu assunto é político, não é jurídico”, disse Lula a Greenhalgh, segundo o advogado, que participou, na noite desta segunda-feira (14), da Jornada pela Democracia, em São Paulo. Durante as quatro horas do evento, no auditório do Sindicato dos Engenheiros, não foram poucas as referências à ditadura iniciada em 1964.
Na plateia, estava a advogada Maria Luiza Bierrenbach, defensora de presos políticos. E também vítima de torturas, ao ser presa, em 1971. Perto dela, a jornalista e ativista de direitos humanos Rose Nogueira, presa e torturada em 1969.
“Foi a primeira vez que o Superior Tribunal Militar teve de reconhecer uma coisa chamada pré-julgamento. E a Lei de Segurança Nacional nunca mais foi aplicada”, disse Greenhalgh, ao recordar o processo de 1980, que teve julgamento à revelia, já em 1981, condenação dos sindicalistas (Lula, por exemplo, pegou três anos e meio de prisão) e posterior anulação do processo pelo STM, em 1982.
Quase 40 anos depois, o advogado recebeu novamente uma procuração para defender Lula e diz que não irá “sossegar”. “Pode ter certeza de que vou fazer tudo para ele estar livre, ser candidato e subir aquela rampa (do Palácio do Planalto)”, afirmou Greenhalgh.