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A jornalista Hildegard Angel disse, em entrevista ao Jornal do Brasil, publicada neste sábado (12) não ter ficado surpresa com o memorando da CIA revelando que Geisel não só sabia como assinou execuções na ditadura.
Hilde é filha da estilista Zuzu Angel, morta no governo Geisel, em 1976. Segundo ela, o gabinete de Geisel encomendou o atentado contra sua mãe, na saída do túnel Dois Irmãos, em São Conrado.
“O caso de minha mãe está mais do que esclarecido. Não foi um acidente mal esclarecido.”
De acordo com ela, “aqui no Brasil queimaram toda a documentação. Houve queima de arquivos. Fizemos um pacto sinistro. Houve um corporativismo fechado, uma blindagem da história brasileira. Mas havia um documento lá na sede do grande irmão. Eles não contavam com isso", diz.
Hilde cita durante a entrevista o livro de Claúdio Guerra, que foi delegado do DOPS, sobre o período. “No livro ele diz que o coronel Freddie Perdigão foi o organizador da emboscada encomendada que matou a minha mãe em 1976. Foi encomendada a ele diretamente pelo gabinete do Geisel”.
Ela diz ainda que, na época, a Comissão da Verdade endossou o depoimento do Cláudio Guerra. “Portanto, o Estado reconheceu que o gabinete de Geisel chancelou o atentado”.
Ela afirma também que “nunca um caso foi tão esclarecido. Esse é um cacoete nacional. Precisamos nos convencer da monstruosidade da ditadura brasileira. Por isso, ainda vemos jornalistas importantes escrevendo que houve um acidente mal esclarecido. Quando mal esclarecidos estamos nós”.
Sobre a possibilidade de reabrir o caso ou não, ela diz que primeiro vai ouvir "o Nilo Batista, que ajudou na reconstituição da tortura e morte de meu irmão Stuart Angel, o Pedro Dallari, que ajudou no caso de minha mãe, e outras pessoas que possam me aconselhar, como o ex-deputado Nilmário Miranda. Depois tomarei a decisão”, encerrou.