Villas Bôas abre a porteira e mais generais vêm a público aventar intervenção militar

Depois dos tuítes do general Villas Bôas - lidos por Bonner no Jornal Nacional - sobre "impunidade" e o "papel institucional do Exército", às vésperas do julgamento do HC de Lula, mais militares endossaram a possibilidade de intervenção. "Aguardo suas ordens!", disse um.; até TRF4 "curtiu" postagem

Reprodução/"República de Curitiba"
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No dia que antecede o julgamento do habeas corpus preventivo do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF), ao menos 5 militares de alta patente vieram a publico aventar a possibilidade de uma intervenção militar caso o petista, condenado em segunda instância em janeiro, não seja preso. Esta terça-feira (3) começou uma notícia sobre a declaração de um general da reserva do Exército Brasileiro que, em entrevista, garantiu que “se o STF permitir que Lula se eleja, haverá intervenção militar”. Já no período da noite, após as fracassadas manifestações da direita defendendo a prisão do petista, o editor do Jornal Nacional, da Globo, William Bonner, encerrou a edição com uma notícia em tom de ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF): ele leu, ao vivo, dois tuítes do general Villas Bôas, comandante do Exército Brasileiro, em que repudia a “impunidade” e diz que o Exército está “atento às suas missões institucionais”, em uma clara sinalização de intervenção caso o STF não negue o habeas corpus ao petista. “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais? (…) Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”, escreveu Villas Bôas nos dois tuítes lidos por Bonner. A partir daí, outros generais começaram a se pronunciar em série pelo Twitter endossando a fala de Villas Bôas que, claramente, sinaliza uma ameaça ao STF. O General Paulo Chagas, por exemplo, escreveu: "Caro comandante, amigo e líder, receba a minha respeitosa e emocionada continência. Tenho a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhando e aguardo suas ordens!!". Outros dois generais fizeram tuítes no mesmo sentido. "Mais uma vez o Comandante do Exército expressa as preocupações e anseios dos cidadãos brasileiros que vestem fardas. Estamos juntos, comandante!", postou o General Freitas. "Comandante! Estamos juntos na mesma trincheira! Pensamos da mesma forma! Brasil acima de tudo! Aço!", escreveu o General Miotto. A postagem do general Villas Bôas endossada pelos outros militares foi, inclusive, "curtida" pelo perfil oficial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o tribunal que condenou Lula em janeiro. Reações Logo após as declarações dos generais, alguns jornalistas se manifestaram sobre. Kennedy Alencar, por exemplo, escreveu: "A manifestação do general Villas Bôas é inaceitável na democracia. É pressão indevida sobre Rosa Weber e o Supremo. Ditadura nunca mais". Já André Trigueiro postou: "Ministro do Exército se manifestar politicamente pelo Twitter na véspera de um julgamento importante do STF? Se a moda pega, onde isso vai dar? Que cada autoridade cumpra sua função serenamente, de acordo com a Constituição. Até mesmo o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se surpreendeu com as manifestações dos militares. "Isso definitivamente não é bom. Se for o que parece, outro 1964 será inaceitável. Mas não acredito nisso realmente". Quem também se manifestou foi a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS).