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Por Tatiana Melim, no portal da CUT
O plano de governo de Lula, estruturado de maneira democrática e com ampla discussão nacional, tem diversas frentes de trabalho. A principal, porém, é o acúmulo do próprio ex-presidente Lula, que sentiu e ouviu do povo quais são suas reais necessidades ao andar por todo o Brasil, durante as caravanas que realizou por diversas regiões.
Foi o que explicou nesta terça-feira (24), no Acampamento Lula Livre, nas proximidades da sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde Lula é mantido como preso político desde o dia 7 de abril, a coordenação do programa de governo de Lula, encabeçada pelo ex-ministro Fernando Haddad. A apresentação final do conteúdo será feita no Encontro Nacional do partido, no dia 28 de julho, quando Lula será indicado formalmente como candidato e seu programa de governo será aprovado.
“Lula deixou a arquitetura do que poderia vir a ser o programa de governo do seu possível terceiro mandato. As propostas estão expressas nas falas e intervenções feitas por ele”, explicou Haddad.
“Nossa capacidade de produção é muito grande, são 38 anos de história produzindo estudos e textos com propostas para o desenvolvimento do Brasil. Não por acaso o PT fez o melhor governo. O PT estudou e sabia o que estava fazendo”, enfatizou.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, disse que Lula sempre olhou as regiões do país de maneira diferenciada e isso está expresso no programa de governo.
“Não tenho dúvidas de que Lula tem condições de colocar esse país no rumo novamente. Todos conhecem o seu legado e sabem da sua capacidade de colocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento.”
“Estamos aqui hoje para reafirmar que Lula é o candidato do PT e para mostrar que nós estamos avançado no processo de formulação do seu programa de governo,” afirmou a senadora.
Além dos debates acumulados pelo partido ao logo dos últimos meses, a exemplo das resoluções congressuais do PT, as propostas organizadas no programa “O Brasil que o Povo Quer” servirão como base para os próximos passos da sistematização do plano de governo.
Os sete eixos do programa
O economista e presidente da Fundação Perseu Abramo, Márcio Pochman, explicou que o documento foi resultado de discussões online e presenciais, divididos em sete eixos temáticos, que durou cerca de um ano e contou com a participação de mais de 300 estudiosos, intelectuais e pesquisadores do Brasil, além de diversas pessoas da sociedade que se interessaram em enviar contribuições.
“É fundamental que a construção desse plano de governo possa impedir o desmonte da nação e interromper o processo de venda dos ativos nacionais e enfrentar os problemas graves da nossa sociedade, como o atual número de desempregados no país”, disse o economista, citando números alarmantes, como a taxa histórica de 26% da população economicamente ativa estar fora do mercado de trabalho e 60 milhões de pessoas vivendo na pobreza – são pessoas cuja renda não alcança meio salário mínimo.
A partir de agora, a comissão de sistematização, composta por 12 integrantes indicados pela direção nacional do PT, começará a sistematizar todo o conteúdo acumulado, além dos debates que irão ocorrer nas próximas semanas.
Eixos temáticos
Os sete eixos temáticos são: 1) sistema internacional, soberania e defesa nacional; 2) participação popular, liberdade, direitos e diversidade. Qual democracia queremos?; 3) integração e coesão nacionais, e oferta de serviços públicos. É possível construir um país mais justo para todos; 4) o que é qualidade de vida para você?; 5) como aumentar a nossa estrutura de bens de consumo; 6) como reduzir a desigualdade e garantir a inclusão social no Brasil; e por último, 7) desenvolvimento econômico e sustentabilidade, como usar recursos naturais e industriais gerando riqueza para todos.
Agenda
No dia 3 maio, no Acampamento Lula Livre, serão estabelecidas novas cinco grandes mesas de diálogo nacional com os movimentos ligados as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, com as fundações dos partidos que compõem a frente democrática, com o coletivo do Projeto Brasil Nação, encabeçado pelo ex-ministro Bresser Pereira, e com os demais grupos que estão discutindo um projeto para o Brasil. O resultado desses debates também farão parte do programa de governo.
Paralelo a essa iniciativa, explicou Renato Simões, secretário do PT, serão realizadas sete caravanas programáticas em diferentes estados das regiões Amazônica, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, com a discussão de temas setoriais, como saúde, educação e combate à violência.
Resposta à imprensa
Momentos antes da divulgação do processo de construção do programa de governo de Lula, a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, falou com a imprensa sobre três assuntos que repercutiram nos noticiários dos últimos dias.
A respeito da transferência de Lula, Gleisi esclareceu que a melhor solução é colocá-lo em liberdade.
“É simples assim. Em qualquer lugar que levarem o presidente, a situação de acompanhamento, de requerimento de visitas, de movimentação política vai ser absolutamente a mesma”.
Segundo ela, as alegações feitas pela Polícia Ffederal não se sustentam. “Eles queriam prender o presidente Lula, queriam trazê-lo para Curitiba e agora não dão conta de lidar com a grandeza de Lula”.
“Sabiam que isso iria acontecer e agora querem transformar isso em um problema a ser solucionado.”
Ao esclarecer a mensagem de Lula à direção do partido, que esteve reunida nesta segunda-feira (23), em Curitiba, Gleisi reforçou que Lula não abriu mão da candidatura, como sugeriu parte da imprensa, e que Lula é, sim, o candidato do partido à presidência da República em 2018.
“O que o Lula colocou na mensagem e reafirmou em todas as reuniões do diretório que ele participou é que o partido tem a liberdade para fazer a sua estratégia, definir suas candidaturas. Ele sempre respeitou muito o partido como instância”, esclareceu.
Gleisi falou também sobre a situação extremamente grave das negativas generalizadas dos pedidos de visita ao ex-presidente Lula.
“Entramos com recurso junto ao TRF4 e tomaremos providências junto ao Congresso Nacional sobre a proibição, por exemplo, da Comissão de Direitos Humanos do Congresso de visitar Lula e as instalações onde ele se encontra”, concluiu.