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Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, ex-ministro José Dirceu disse, entre outras coisas, que hoje, no Brasil, o aparato judicial policial se transformou em polícia política. Dirceu pode ser preso a qualquer momento por ordem do juiz Sergio Moro. Seus recursos foram negados na quinta (19) pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Ele mesmo afirma que pode entrar na cadeia para não sair nunca mais. "É uma hipótese", admite. Nas, segundo ele, isto não muda nada. “Preso ou aqui fora, vou fazer tudo o que eu fazia: ler, estudar e fazer política. Eu tenho que cumprir a pena. Eu não posso brigar com a cadeia”.
Dirceu afirmou, otimista, que ninguém consegue desmontar a estrutura social conquistada pelos governos do PT impunemente. Que isto tem consequências. “As forças políticas e sociais vão ganhando consciência. Vão surgindo novas lideranças, novos movimentos”.
Disse que seu candidato continua sendo Lula. Para ele, Lula deve registrar a candidatura até agosto e então ver o que fazer. Para ele, se as esquerdas se unirem, terão forças para ganhar a eleição. “Da prisão você consulta quem quiser. Lula vai transferir de 14% a 18% de votos para o candidato que ele apoiar”, afirmou.
Para ele, a diferença entre 2014 e agora é que a direita, apesar de ter a Globo, o aparato judicial militar e o poder econômico, “está mais desorganizado e enfraquecido do que nós”. “Eu tenho confiança de que o fio da história do Brasil não é o fio das forças da direita. O fio da história do Brasil é o fio que nós representamos”, disse.
Lula
Sobre Lula, Dirceu disse que o pior já havia acontecido a ele que era ser condenado e preso injustamente. Sobre a perspectiva do isolamento, disse que, por enquanto, recebe os advogados e a família uma vez por semana, mas se for levado para um quartel ficará mais isolado ainda. “Ele deve conviver com outras pessoas, pensar o país, pensar no que está acontecendo. Ele não está proibido de fazer política só porque está preso”.
A respeito das acusações que pairam sobre ele, Zé insiste que é inocente. Perguntado sobre os erros do PT durante o governo, Dirceu afirma que ele e o partido estavam “do lado certo e o saldo de tudo o que fizemos é fantástico. O PT cometeu erros? Muitos. Mas tem uma coisa: o lado do PT na história, o nosso lado, é o lado do povo, do Brasil”, disse.
Convivência na cadeia
Na cadeia, Dirceu conta que tomava remedios para dormir, mas parou e foi procurar emprego na biblioteca. “Li cem livros no um ano e nove meses em que fiquei lá”. Sobre a convivência com Eduardo Cunha, Zé Dirceu disse que era normal. Segundo ele, no começo você acha que poderá evitar a relação, mas “depois de três anos percebe que é impossível, pois todos estão na mesma”, disse.
Zé Dirceu revelou que esteve com Antonio Palocci apenas uma vez e ele lhe disse que o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, iria contar que pagou a reforma do tríplex do Guarujá para o Lula. Na ocasião, Dirceu achou que Palocci também iria fazer delação. Ao contar para Cunha e Vaccari, os dois duvidaram de maneira indignada.
Sobre João Santana, Dirceu conta que o marqueteiro desabafou angustiado que não aguentava mais e também faria a delação. De acordo com ele, a sua mulher, Mônica Moura, sofreu tortura psicológica na cadeia.
Leia a entrevista completa aqui.