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A entrevista concedida à Reuters pelo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, provocou reações contrárias em inúmeros setores. O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, publicou nota lamentando as declarações do diretor, sobre um possível arquivamento do inquérito que investiga o presidente Michel Temer. Segundo Robalinho, decisões desse tipo são atribuições “exclusivas” da Procuradoria-Geral da República, e o trabalho policial deve continuar sendo “técnico e independente”.
“Quando o País se vê diante do espetáculo dantesco de um diretor-geral de polícia dando declarações no lugar dos responsáveis por uma investigação percebe-se que é sorte para a sociedade brasileira que quem determina se um inquérito policial terá proposta de arquivamento, ou se a investigação continuará em busca de novas diligências não é a polícia, e sim o Ministério Público”, afirmou. No comunicado, a entidade elogia a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, que intimou Segovia a prestar esclarecimentos.
“As declarações de Segóvia desrespeitaram sua própria instituição e seus subordinados. A Polícia Federal é um órgão de Estado, e não de governo, e seus profissionais são sérios, técnicos e sempre terão o Ministério Público ao seu lado todas as vezes que sua independência técnica for colocada em risco”, escreveu Robalinho.
Temer é investigado por corrupção ativa, passiva e lavagem de dinheiro por ter, supostamente, recebido vantagens indevidas de uma empresa para editar o chamado Decreto dos Portos. A determinação de Barroso foi feita após a entrevista porque ele é o relator do caso no STF.
Na nota, a instituição lembra que cabe ao MP, “destinatário" de eventuais provas, avaliar “o momento” e decidir se apresenta denúncia ou pede o arquivamento ao Poder Judiciário.
Também por meio de nota, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) se manifestou. De acordo com o órgão, nenhum dirigente deve se posicionar sobre investigações em andamento “independentemente da posição que ocupe” na PF. “A ADPF espera que o diretor-geral garanta, nas palavras e nos atos, os instrumentos necessários para que os delegados exerçam suas atribuições de forma técnica e republicana, sem temor por reações do poder político e econômico”, afirmou a entidade.
Com informações da Agência Brasil
Foto: Leonardo Prado/Agência Câmara