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“A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos”
Sigmund Freud
Por Marcos Cesar Danhoni Neves*
Sigmund Freud lançou no início do século XX uma de suas obras-primas: A Interpretação dos Sonhos. A obra perscruta o inconsciente de muitos dos pacientes do famoso psicanalista lançando luz sobre algo que ocorre a nós todos durante a quase totalidade das noites que dormimos.
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As manifestações do teatro onírico durante os sonhos deviam trazer alguma mensagem do inconsciente sobre a vida consciente, mas liberada de certas amarras das censuras do momento de vigília. Na teoria freudiana, o superego, uma espécie de gestor da censura de nossa psiquê, reprime os desejos manifestos de nossos sonhos, não permitindo sua realização. O sonho é o momento da realização dos desejos, mas a vida em vigília, sua repressão, é a causa de muitos de nossos traumas e obstáculos psíquicos intransponíveis e que marcam a vida de forma indelével da maioria de nós, seres humanos.
Se os sonhos são a realização de desejos reprimidos, então devemos fazer uma análise freudiana da nova ministra do governo neofascista de Jair Bolsonaro. A Sra. Damares, relatando um caso de assédio sexual infantil que ela teria sofrido aos 10 anos de idade por dois pastores de uma Igreja Evangélica, confessou para o público uma estranha estória de ter subido num pé de goiaba para cometer suicídio por ingestão de veneno. A primeira coisa estranha que brota desse relato é porque matar-se por envenenamento estando em cima de uma árvore. A hipótese, posto que o relato fosse crível, seria, em caso do fracasso do envenenamento, morrer na queda. Porém, antes de aventar esta possibilidade, melhor seria perguntar se ela é realmente real, uma vez que ela adicionou à fantasia a imagem idílica de um Jesus que evitou o suicídio da criança ...
A partir desta estorinha, o “fato” ficou conhecido como “O Jesus da Goiabeira”, relatada hoje pela adulta Sra. Damares, e que em breve a exporá em todos os seus detalhes fantasiosos num livro de nome similar.
Para quem já ouviu e investigou relatos de pessoas que sofreram abusos infantis sabe que, dentro do teatro da realidade, fantasias são adicionadas, pela titânica luta psíquica id-ego, para se sobreviver à cruel experiência e tocar a vida adiante.
Supostamente é isso que aconteceu à Sra. Damares: para sobreviver ao crime perpetrado contra seu corpo e sua personalidade por dois malditos pastores de uma Igreja Evangélica, Damares inventou um encontro com a única pessoa em seu mundo mágico-mistérico que poderia lhe ajudar: o bondoso Jesus do mundo infantil e do mundo infantilizado dos adultos contado todos os dias nos templos e Igrejas.
Porém, para aqueles que também já trabalharam em consultórios e penitenciárias com pacientes/presidiários que cometeram abuso sexual sabem uma verdade ainda mais cruel: “em geral, quem é abusado, abusa!”.
Esta é provavelmente a segunda dura verdade da Sra. Damares: ela foi “curada” do mal do assédio não por uma superação psicanalítica, mas por anos e anos de cultos em Igrejas e templos que usam da desinformação, da ignorância e da dogmatização cavalar seus métodos de “substituição de problemas” (não curam, mas escondem e amplificam os problemas decorrentes dos abusos sofridos).
E foi aí, anos e anos depois, ao tornar-se Pastora, que Damares passou a ... ABUSAR! Usando a Igreja para fins religiosos mas, sobretudo, políticos, e ligando-se aos setores mais reacionários e nefastos da sociedade brasileira, ela passou a inventar estórias falsas (“fake news”) e passou a propagá-las em todo o país viajando facilmente com verbas de gabinetes, uma vez que se tornara assessora parlamentar. Ela é a “mãe” do “Kit Gay” e da “Mamadeira de Piroca”, duas das piores invencionices de nossa contemporaneidade, mas que funcionou como uma bomba atômica contra as esquerdas, especialmente porque teve a cumplicidade do TSE que não reprimiu em tempo absurdos como esse, e especialmente impulsionadas pelas plataformas WHATSAPP e FACEBOOK de Mark Zuckemberg (envenenadas pelos métodos neo-Gobblelianos da Cambrige Analytica).
O momento da autoria do abuso é exatamente esse: a invenção da mentira e sua propagação como “verdade” através do caudaloso rio de informações proporcionado pelas mídias sociais. Através dessas redes de informações/desinformações, Damares transformou-se da inocente criança de 10 anos violada por dois monstros, para a ABUSADORA de toda uma Nação. Violou a Nação Brasileira com suas sandices, agora não mais censurada pelo superego, mas alimentada pelo id e pelo ego manipulados pela política.
Sua mamadeira de piroca estuprou a Nação de tal forma, que transformou boa parte da população brasileira num conjunto grotesco de infantilóides dispostos a acreditar em tudo, perdidos em fantasias sexuais reprimidas, mas ávidas de serem realizadas num plano do estupor e da própria inveja em não tê-las concretizadas!
O abuso sofrido por Damares quando criança deve ser lamentado e combatido. Já o estupro que ela engendrou contra toda a Nação, usando o crime da política maquiavélica de seu mentor “intelectual”, deve ser repudiado. Não somente o ato do estupro, mas sua autora e seu comandante-em-chefe, o neofascista Jair Messias Bolsonaro!
*Professor-Titular da Universidade Estadual de Maringá e autor do livro “Lições da Escuridão”, entre outras obras.
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